Originalmente de 07/05/10, na época não foi terminado e nunca houve intenção de publicar nesse blog, que eu deixei esquecido.
Tudo começa na casa de Short Colado, garoto de 11 anos do qual fôra
de guardião, depois que a mãe zelosa do guri o deixou entrar, na condição de usar um uniforme vermelho ridículo idêntico ao qual Short usava, compartilha a história de sua conturbada juventude...
NARRAÇÃO [Spi]: Tudo começou, no dia em
que nasci...
[Cena no Hospital Os pais de Spi estão
diante do médico. Câmera: Cor de sépia/ preto e branco, de frente aos três, de
perfil]
Médico: - Parabéns, Sr. e Sra. Afogado,
vocês tiveram um menino saudável. Já pensaram em um nome para colocar na
criança?
Pai de Spi (sério/confiante): - Ah, sim,
claro. Eu me preocupo com isso desde os 13. Já pensei em todos os detalhes. O
nome dele será Ganso, em homenagem ao meu animal favorito. Nós daremos a ele
uma vida muito burguesa, com muito conforto, muito contentamento. Ah, e como iremos querer que ele tenha uma
profissão séria e rentável, e que more no exterior, (levemente indignado;
Câmera agora foca somente o rosto do pai de Spi ) mas você acredita que ele vai
querer nos desafiar, querendo se arriscar a escrever musicais?! Eu bem que
vou alertar ele, mas não. Ele não vai me escutar. Não vai fazer
faculdade, pequeno cretino. Vai ser um sodomita, um boêmio, viciado em morfina.
Por mais que ele se esforçe, ele não vai faturar um centavo, seguindo o seu
"sonho" (tom de desprezo), (exaltado) sequer um centavo para pagar o
aluguel de uma pensão imunda, caindo aos pedaços, e infestada de insetos.
Então, ele vai passar a ser um escritor e ator de pornografia fracassado, e vai
tentar vender vodca caseira com botulismo para sobreviver, e no final, ele vai
morrer de câncer de pulmão. Nenhum pai deveria enterrar o seu filho, mas eu
irei, o que vai me deixar muito preocupado.
Médico: - Como ele vai morrer mesmo?
Pai de Spi (com o ar pesado): - Câncer de
pulmão.
[O médico pega uma faca de cozinha e fura
o tórax da criança, que começa a chorar. A mãe cobre a boca, em choque. O pai
se indigna.]
Pai de Spi (exaltado): - Não! Não! Porra!
Eu disse câncer de pulmão! Câncer! Não um ferimento muito grave! Olha o que você
fez! Ele não vai sobreviver dois dias. [respira fundo, olha cínica e
sobriamente para o médico]: Muito obrigado. Muito obrigado por estragar meus
sonhos para o futuro. Muito obrigado mesmo. A gente volta aqui daqui a uns 10
meses. (a mãe cobre o rosto e chora)
NARRAÇÃO: - Eles erraram. Eu sobrevivi.
Sobrevivi mal, mas sobrevivi. Aos 4 anos de idade, fui adotado e escravizado
por Roscan, um vampiro viciado em roscas de polvilho e que me obrigava a ir do
seu retiro sombrio para a civilização comprar roscas de polvilho com a minha
mesada, fornecida por ele. E assim foi, até um dia, em que estava no meu
caminho para comprar mais roscas de polvilho e Nescafé, eu indiquei a um
cavaleiro da luz a localização do esconderijo. E foi então que Roscan foi
finalmente destruído. E passei a morar em um orfanato, até os 17, quando eu
descobri como meus pais me abandonaram, e eu fugi, em busca de vingança
[flashback cor de sépia, mostra Spi tirando de baixo da sua cama uma caixa de
sapato, e de lá tirando uma arma]. Em minha busca, descubri que minha mãe havia
morrido de linfoma, e meu pai, que nunca trabalhou na vida, e vivia de
parasitar minha mãe, enlouqueceu depois da morte dela, e não só enlouqueceu,
como soltou a franga! Se tornou um travesti tão patético, que, quando me
encontrei com ele, em seu apartamento, eu me recusei a matá - lo. Ele já estava
morto, lá no fundo. E descobri no dia seguinte que ele se suicidou pouco depois
de eu tê - lo visto. Sem mais nada para me apegar no turbilhão da vida, eu me
juntei à Divisão Especial de Anti - Terrorismo, ramo da Agência de Modelos e
Inteligência Nacional, quando vi o anúncio deles numa caixa de pizza. E que,
com o tempo, passou a ser a Divisão Especial de Anti - Terrorismo com Crianças
Sequestradas, porque o Governo havia cortado nossa verba, e tomamos a medida
desesperada de sequestrar crianças filhas de pais ricos, e tentar nos sustentar
com os resgates pagos. Não somente, todos os agentes e inclusive o próprio
chefe da divisão passaram a ter segundos, terceiros, quartos, quintos empregos
para pagar a quantidade de Ice Tea disponível na sala dos funcionários e nossas
máquinas caras, futuristas e decorativas.
O stress de ser agente secreto anti -
terrorista, garçom e babá de cachorro no mesmo dia estava me consumindo. Após
numerosos desacordos com Mestre, meu chefe, eu me demiti e me tornei
aquilo contra o qual eu tanto lutava antes. Me tornei um terrorista, um
vândalo. Passei a andar com uma gangue das 2 às 6 da manhã, todos nós
acreditando que a cidade nos pertencia, para escarrarmos nela, surrarmos e por
fim destruí - la. Foi a queda mais brutal da minha vida. Minhas dependências e
vícios que adquiri para suportar o trabalho naquela baiuca de divisão anti -
terrorista se tornaram mais fortes que eu, e drenaram minha mente, decência,
quase tudo o que eu tinha, e por fim, minha humanidade. A gangue para diante de
uma lanchonete . Há um cartaz de papelão com a imagem de
um terrorista caricato nela.
Líder (para um dos membros): - Você tá com
a chave?
Membro: - Sim, está aqui... (procura no
molho de chaves, demoradamente, até que um dos membros, com um martelo, arromba
a porta de vidro. A gangue entra no estabelecimento. Alguns membros derrubam as
cadeiras, Spi fica sentado embaixo de uma mesa, abraçando as pernas repetindo:
"eu quero". Ele fala mais alto.
Líder: - Calma aí. espera. Tem uma
farmácia no caminho, a gente passa lá depois.
Membro: - Por que a gente ainda anda com
esse acabado de merda?
Líder: - Você vai passar a discutir de
novo, porra? Vamos zoar esse mafuá inteiro!
(A gangue continua a destruição da
lanchonete. O membro com o martelo quebra uma das mesas. O líder pula o balcão)
Líder: Abordar! (Ri confiante) (Começa a
derrubar os pães de hamburguer pelo chão, o membro com o martelo amassa um
deles com o martelo)
NARRAÇÃO: No meio daquele período, Mestre
queria que eu voltasse, pois eu era um dos melhores agentes, e pelos meus conhecimentos
básicos de informática, visto que ele importunava todos os agentes perguntando
como se salva um jogo de paciência e por que ele não conseguia ver se ele era
inteligente clicando AQUI! Ele me chamou para seu escritório, e usou toda sua
lábia para me trazer de volta.
Mestre: - Você tem que voltar! Sentimos
falta do seu serviço aqui!
Spi: - Ha, claro que não.
[Cenas da lanchonete]
Mestre: - Se você voltar, você ganha um
almoço.
Spi: - Não.
Mestre: - Um jantar então.
Spi: - Não.
Mestre (furioso): - Caralho!!
[Cenas da lanchonete]
Mestre (Inquieto): - Se você voltar, eu te
levo para jantar.
Spi: - Não.
[Cenas da lanchonete]
[Spi: - EU QUERO.
Líder: - Você sabe o que é esperar dois
minutos, porra?!]
Mestre: - Assim que você me elogiar duas
vezes, você volta e eu te levo para jantar.
Spi: - Bom, eu acho que seus olhos tem uma
cor linda, mas não.
Mestre: - Você me elogiou uma vez.
Spi: - Tá, e daí?
Mestre: - Agora você só precisa me elogiar
mais uma vez.
Spi: - Foda - se, vadia.
[Cenas da lanchonete]
Mestre (irritado): - Tá, tá legal. Eu te
dou a minha coleção de DVDs do Crepúsculo.
Spi (alegre): S - sério?!
Mestre (enfático): - Emprestada! Por duas
semanas! Por DUAS SEMANAS!
Spi (enfadado): Então não.
Mestre (ainda mais irritado): TÁ, pode
ficar. Porra.
Spi (alegre/confiante): Beleza, então eu
tô dentro de novo.
Mestre (confiante): E nós ainda por cima
agradecemos por ter nos dado a oportunidade de livrar a cidade daqueles
vândalos.
Spi (confuso): - C-como assim?
Mestre (confiante): Ha, se enturmou
enquanto estava fora, ãh? As ações do seu grupo não foram discretas para ficar
fora do nosso radar, e foram, no mínimo, amadoras demais. Nós apenas esperamos
você desertar, o que ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eles agora serão
exterminados.
[Franco - atiradores ao redor da
lanchonete preparam suas armas]
Spi: - Não! Por favor! Eles são
terroristas, (emotivo) mas são meus amigos!
Mestre: (Risada maligna) Eu não me
importo! Não sei se você já se despediu deles, porque eles vão todos morrer!
(Risada maligna)
Spi (desesperado): Não! Não! Por favor!
Nããããão!
[Miram em dos membros]
(Mestre cotinua rindo diabolicamente)
[Disparam. Um deles cai morto.]
Líder (indignado): - Merda! São os pé - de
- porco!
Membro (ponderando): - Ou seriam os rabo -
de - rato?
[O membro com o martelo é atingido e morre
(câmera foca ele caído, por cima, do busto)]
[Um dos membros se joga para evadir os
tiros, mas é morto também]
[O líder saca a pistola, mira para frente,
olha em volta, não há ninguém, há não ser os membros mortos e Spi repetindo
freneticamente "eu quero". Close na parte superior do rosto do líder,
suada, e com a visão preocupada. Ele é atingido e cai. Grita de dor, cobrindo
com a mão o ferimento de tiro. Vê sua mão ensanguentada, e se enfurece [close
nos olhos] Se levanta, e começa a atirar com a pistola, sem direção, gritando
furiosamente. [Miram de novo no líder, mostrando dificuldade e dor para se
manter em pé. Atirando novamente e ele é terminado, e cai de barriga para baixo
sobre o balcão. Visão de cima da lanchonete. Atirador mira em Spi, mas recebe
ordem de cessar fogo. Spi sai lentamente da lanchonete, assustado. E entra em
um clarão branco.]
Short Colado: - Mas como você sobreviveu
até os 4 anos com um ferimento no pulmão?
Spi: - Foi um saco. Eu não pudia correr,
chorar, pular, e me mexer. Eu esperei até lá para o meu caso chegar no Criança
Esperança.
Short Colado: - Puxa, sinto muito.
Spi: - Deveria sentir muito mesmo. Eu
tenho feito qualquer coisa para esqueçer essa história, mas graças a você, eu
lembrei dela toda.
Short Colado: - Ah, desculpa, eu não tinha
a intenção, mas foi você que tocou no assunto...
Spi (irritado): - Não só isso. Você me
lembra dela pelo que você é, pelo que você representa. Você é um moleque
burguês engomado típico que toda emoção que chegar até você vai ser o mais
pasteurizada e fria o possível. Você nunca vai ver a vida. Ou que ela tem pra
ferrar você. Isso te faz um mimado, que daqui a um tempo, vai pensar em
suícidio por qualquer coisinha que te desagrade. Eu cuspo em gente assim.
Short Colado (indignado): - Escuta aqui,
só porque tudo na sua vida é uma merda e você acha que eu sou responsável por
isso, e os outros tem que sofrer que nem você, não quer dizer que você tenha
que ficar me diminuindo ou descontar o seu ódio e fracasso na vida com o seu
discurso "engajado socialmente" ou sua história
"impressionante" de superação na vida, que nem superação tem, porque
você não presta. Você só é um cretino arrogante. [mostra o dedo do meio]
Spi se exalta, e se levanta pega Short
pela gola. Short bate em Spi e este joga short em uma mesa de vidro e chuta
ele. Os dois começam a brigar. E Spi tentou subir nele, mas Short, começa a chutá - lo violentamente.
Spi (deixa escapar): - Porra! É mais difícil do que eu pensava!
Babá eletrônica (voz irritada): - O que que é mais difícil, (ênfase) Spi?! Sai da minha casa. Por favor, sai da minha casa. Você não é mais bem - vindo aqui.
Spi (zombando): Ah! Você ainda tem uma babá eletrônica! Vocês ainda usam uma babá eletrônica!
Short Colado (irritado, quase ao ponto de choro): - Sai daqui! Você ouviu? Sai daqui!
Spi deixa o uniforme vermelho e vai embora da enorme casa em que entrou. Ninguém o aguentava naquela época. Ele queria ser bem mais do que queria. Por algum motivo ou vírus ele virou um fanático das ideias crassas que ele teve na juventude. Talvez porque ele enfrentasse seu pior inimigo, Arenque, um sujeito que o despia da humanidade apenas para vê - lo como assassino, coisa que não era, e que iria ajudar um ditador, general Merdano. Ele iria ver a sua Spi Girl do momento, Mariko Krauz, se ao menos conseguisse falar com ela, pois ela tinha cara de cabra e nunca deu bola para ele, primeira vez. Foi nessa época que ele começou a procurar respostas astrológicas pra tudo, e não conseguia, e a filosofia não fazia mais tanto sentido.
Eu tinha vontade de fazer um desses filmes caseiros para apresentação maior para as turmas do ensino médio se houvesse a ocasião em que todos pudessem fazer. Desde o 1º ano. Essa tentativa de parte de roteiro foi escrita no começo do ano de vestibular e a vontade continuava, talvez só tivesse "acabado" quando entrei na faculdade.
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