sábado, 30 de novembro de 2013

Interlúdio: A triste história de Spi

Originalmente de 07/05/10, na época não foi terminado e nunca houve intenção de publicar nesse blog, que eu deixei esquecido.

Tudo começa na casa de Short Colado, garoto de 11 anos do qual fôra de guardião, depois que a mãe zelosa do guri o deixou entrar, na condição de usar um uniforme vermelho ridículo idêntico ao qual Short usava, compartilha a história de sua conturbada juventude...

NARRAÇÃO [Spi]: Tudo começou, no dia em que nasci...

[Cena no Hospital Os pais de Spi estão diante do médico. Câmera: Cor de sépia/ preto e branco, de frente aos três, de perfil]

Médico: - Parabéns, Sr. e Sra. Afogado, vocês tiveram um menino saudável. Já pensaram em um nome para colocar na criança?

Pai de Spi (sério/confiante): - Ah, sim, claro. Eu me preocupo com isso desde os 13. Já pensei em todos os detalhes. O nome dele será Ganso, em homenagem ao meu animal favorito. Nós daremos a ele uma vida muito burguesa, com muito conforto, muito contentamento. Ah, e como iremos querer que ele tenha uma profissão séria e rentável, e que more no exterior, (levemente indignado; Câmera agora foca somente o rosto do pai de Spi ) mas você acredita que ele vai querer nos desafiar, querendo se arriscar a escrever musicais?! Eu bem que  vou alertar ele, mas não. Ele não vai me escutar. Não vai fazer faculdade, pequeno cretino. Vai ser um sodomita, um boêmio, viciado em morfina. Por mais que ele se esforçe, ele não vai faturar um centavo, seguindo o seu "sonho" (tom de desprezo), (exaltado) sequer um centavo para pagar o aluguel de uma pensão imunda, caindo aos pedaços, e infestada de insetos. Então, ele vai passar a ser um escritor e ator de pornografia fracassado, e vai tentar vender vodca caseira com botulismo para sobreviver, e no final, ele vai morrer de câncer de pulmão. Nenhum pai deveria enterrar o seu filho, mas eu irei, o que vai me deixar muito preocupado.

Médico: - Como ele vai morrer mesmo?

Pai de Spi (com o ar pesado): - Câncer de pulmão.

[O médico pega uma faca de cozinha e fura o tórax da criança, que começa a chorar. A mãe cobre a boca, em choque. O pai se indigna.]

Pai de Spi (exaltado): - Não! Não! Porra! Eu disse câncer de pulmão! Câncer! Não um ferimento muito grave! Olha o que você fez! Ele não vai sobreviver dois dias. [respira fundo, olha cínica e sobriamente para o médico]: Muito obrigado. Muito obrigado por estragar meus sonhos para o futuro. Muito obrigado mesmo. A gente volta aqui daqui a uns 10 meses. (a mãe cobre o rosto e chora)

NARRAÇÃO: - Eles erraram. Eu sobrevivi. Sobrevivi mal, mas sobrevivi. Aos 4 anos de idade, fui adotado e escravizado por Roscan, um vampiro viciado em roscas de polvilho e que me obrigava a ir do seu retiro sombrio para a civilização comprar roscas de polvilho com a minha mesada, fornecida por ele. E assim foi, até um dia, em que estava no meu caminho para comprar mais roscas de polvilho e Nescafé, eu indiquei a um cavaleiro da luz a localização do esconderijo. E foi então que Roscan foi finalmente destruído. E passei a morar em um orfanato, até os 17, quando eu descobri como meus pais me abandonaram, e eu fugi, em busca de vingança [flashback cor de sépia, mostra Spi tirando de baixo da sua cama uma caixa de sapato, e de lá tirando uma arma]. Em minha busca, descubri que minha mãe havia morrido de linfoma, e meu pai, que nunca trabalhou na vida, e vivia de parasitar minha mãe, enlouqueceu depois da morte dela, e não só enlouqueceu, como soltou a franga! Se tornou um travesti tão patético, que, quando me encontrei com ele, em seu apartamento, eu me recusei a matá - lo. Ele já estava morto, lá no fundo. E descobri no dia seguinte que ele se suicidou pouco depois de eu tê - lo visto. Sem mais nada para me apegar no turbilhão da vida, eu me juntei à Divisão Especial de Anti - Terrorismo, ramo da Agência de Modelos e Inteligência Nacional, quando vi o anúncio deles numa caixa de pizza. E que, com o tempo, passou a ser a Divisão Especial de Anti - Terrorismo com Crianças Sequestradas, porque o Governo havia cortado nossa verba, e tomamos a medida desesperada de sequestrar crianças filhas de pais ricos, e tentar nos sustentar com os resgates pagos. Não somente, todos os agentes e inclusive o próprio chefe da divisão passaram a ter segundos, terceiros, quartos, quintos empregos para pagar a quantidade de Ice Tea disponível na sala dos funcionários e nossas máquinas caras, futuristas e decorativas.
O stress de ser agente secreto anti - terrorista, garçom e babá de cachorro no mesmo dia estava me consumindo. Após numerosos desacordos com Mestre, meu chefe, eu me demiti e  me tornei aquilo contra o qual eu tanto lutava antes. Me tornei um terrorista, um vândalo. Passei a andar com uma gangue das 2 às 6 da manhã, todos nós acreditando que a cidade nos pertencia, para escarrarmos nela, surrarmos e por fim destruí - la. Foi a queda mais brutal da minha vida. Minhas dependências e vícios que adquiri para suportar o trabalho naquela baiuca de divisão anti - terrorista se tornaram mais fortes que eu, e drenaram minha mente, decência, quase tudo o que eu tinha, e por fim, minha humanidade. A gangue para diante de uma lanchonete . Há um cartaz de papelão com a imagem de um terrorista caricato nela.

Líder (para um dos membros): - Você tá com a chave?

Membro: - Sim, está aqui... (procura no molho de chaves, demoradamente, até que um dos membros, com um martelo, arromba a porta de vidro. A gangue entra no estabelecimento. Alguns membros derrubam as cadeiras, Spi fica sentado embaixo de uma mesa, abraçando as pernas repetindo: "eu quero". Ele fala mais alto.

Líder: - Calma aí. espera. Tem uma farmácia no caminho, a gente passa lá depois.

Membro: - Por que a gente ainda anda com esse acabado de merda?

Líder: - Você vai passar a discutir de novo, porra? Vamos zoar esse mafuá inteiro!

(A gangue continua a destruição da lanchonete. O membro com o martelo quebra uma das mesas. O líder pula o balcão)

Líder: Abordar! (Ri confiante) (Começa a derrubar os pães de hamburguer pelo chão, o membro com o martelo amassa um deles com o martelo)

NARRAÇÃO: No meio daquele período, Mestre queria que eu voltasse, pois eu era um dos melhores agentes, e pelos meus conhecimentos básicos de informática, visto que ele importunava todos os agentes perguntando como se salva um jogo de paciência e por que ele não conseguia ver se ele era inteligente clicando AQUI! Ele me chamou para seu escritório, e usou toda sua lábia para me trazer de volta.

Mestre: - Você tem que voltar! Sentimos falta do seu serviço aqui!

Spi: - Ha, claro que não.

[Cenas da lanchonete]

Mestre: - Se você voltar, você ganha um almoço.

Spi: - Não.

Mestre: - Um jantar então.

Spi: - Não.

Mestre (furioso): - Caralho!!

[Cenas da lanchonete]

Mestre (Inquieto): - Se você voltar, eu te levo para jantar.

Spi: - Não.

[Cenas da lanchonete]
[Spi: - EU QUERO.
Líder: - Você sabe o que é esperar dois minutos, porra?!]

Mestre: - Assim que você me elogiar duas vezes, você volta e eu te levo para jantar.

Spi: - Bom, eu acho que seus olhos tem uma cor linda, mas não.

Mestre: - Você me elogiou uma vez.

Spi: - Tá, e daí?

Mestre: - Agora você só precisa me elogiar mais uma vez.

Spi: - Foda - se, vadia.

[Cenas da lanchonete]

Mestre (irritado): - Tá, tá legal. Eu te dou a minha coleção de DVDs do Crepúsculo.

Spi (alegre): S - sério?!

Mestre (enfático): - Emprestada! Por duas semanas! Por DUAS SEMANAS!

Spi (enfadado): Então não.

Mestre (ainda mais irritado): TÁ, pode ficar. Porra.

Spi (alegre/confiante): Beleza, então eu tô dentro de novo.

Mestre (confiante): E nós ainda por cima agradecemos por ter nos dado a oportunidade de livrar a cidade daqueles vândalos.

Spi (confuso): - C-como assim?

Mestre (confiante): Ha, se enturmou enquanto estava fora, ãh? As ações do seu grupo não foram discretas para ficar fora do nosso radar, e foram, no mínimo, amadoras demais. Nós apenas esperamos você desertar, o que ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eles agora serão exterminados.

[Franco - atiradores ao redor da lanchonete preparam suas armas]

Spi: - Não! Por favor! Eles são terroristas, (emotivo) mas são meus amigos!

Mestre: (Risada maligna) Eu não me importo! Não sei se você já se despediu deles, porque eles vão todos morrer! (Risada maligna)

Spi (desesperado): Não! Não! Por favor! Nããããão!

[Miram em dos membros]

(Mestre cotinua rindo diabolicamente)

[Disparam. Um deles cai morto.]

Líder (indignado): - Merda! São os pé - de - porco!

Membro (ponderando): - Ou seriam os rabo - de - rato?

[O membro com o martelo é atingido e morre (câmera foca ele caído, por cima, do busto)]

[Um dos membros se joga para evadir os tiros, mas é morto também]
[O líder saca a pistola, mira para frente, olha em volta, não há ninguém, há não ser os membros mortos e Spi repetindo freneticamente "eu quero". Close na parte superior do rosto do líder, suada, e com a visão preocupada. Ele é atingido e cai. Grita de dor, cobrindo com a mão o ferimento de tiro. Vê sua mão ensanguentada, e se enfurece [close nos olhos] Se levanta, e começa a atirar com a pistola, sem direção, gritando furiosamente. [Miram de novo no líder, mostrando dificuldade e dor para se manter em pé. Atirando novamente e ele é terminado, e cai de barriga para baixo sobre o balcão. Visão de cima da lanchonete. Atirador mira em Spi, mas recebe ordem de cessar fogo. Spi sai lentamente da lanchonete, assustado. E entra em um clarão branco.]

Short Colado: - Mas como você sobreviveu até os 4 anos com um ferimento no pulmão?

Spi: - Foi um saco. Eu não pudia correr, chorar, pular, e me mexer. Eu esperei até lá para o meu caso chegar no Criança Esperança.

Short Colado: - Puxa, sinto muito.

Spi: - Deveria sentir muito mesmo. Eu tenho feito qualquer coisa para esqueçer essa história, mas graças a você, eu lembrei dela toda.

Short Colado: - Ah, desculpa, eu não tinha a intenção, mas foi você que tocou no assunto...

Spi (irritado): - Não só isso. Você me lembra dela pelo que você é, pelo que você representa. Você é um moleque burguês engomado típico que toda emoção que chegar até você vai ser o mais pasteurizada e fria o possível. Você nunca vai ver a vida. Ou que ela tem pra ferrar você. Isso te faz um mimado, que daqui a um tempo, vai pensar em suícidio por qualquer coisinha que te desagrade. Eu cuspo em gente assim.

Short Colado (indignado): - Escuta aqui, só porque tudo na sua vida é uma merda e você acha que eu sou responsável por isso, e os outros tem que sofrer que nem você, não quer dizer que você tenha que ficar me diminuindo ou descontar o seu ódio e fracasso na vida com o seu discurso "engajado socialmente" ou sua história "impressionante" de superação na vida, que nem superação tem, porque você não presta. Você só é um cretino arrogante. [mostra o dedo do meio]



Spi se exalta, e se levanta pega Short pela gola. Short bate em Spi e este joga short em uma mesa de vidro e chuta ele. Os dois começam a brigar. E Spi tentou subir nele, mas Short, começa a chutá - lo violentamente. 

Spi (deixa escapar): - Porra! É mais difícil do que eu pensava!

Babá eletrônica (voz irritada): - O que que é mais difícil, (ênfase) Spi?! Sai da minha casa. Por favor, sai da minha casa. Você não é mais bem - vindo aqui.

Spi (zombando): Ah! Você ainda tem uma babá eletrônica! Vocês ainda usam uma babá eletrônica!

Short Colado (irritado, quase ao ponto de choro): - Sai daqui! Você ouviu? Sai daqui!

Spi deixa o uniforme vermelho e vai embora da enorme casa em que entrou. Ninguém o aguentava naquela época. Ele queria ser bem mais do que queria. Por algum motivo ou vírus ele virou um fanático das ideias crassas que ele teve na juventude. Talvez porque ele enfrentasse seu pior inimigo, Arenque, um sujeito que o despia da humanidade apenas para vê - lo como assassino, coisa que não era, e que iria ajudar um ditador, general Merdano. Ele iria ver a sua Spi Girl do momento, Mariko Krauz, se ao menos conseguisse falar com ela, pois ela tinha cara de cabra e nunca deu bola para ele, primeira vez. Foi nessa época que ele começou a procurar respostas astrológicas pra tudo, e não conseguia, e a filosofia não fazia mais tanto sentido.

Eu tinha vontade de fazer um desses filmes caseiros para apresentação maior para as turmas do ensino médio se houvesse a ocasião em que todos pudessem fazer. Desde o 1º ano. Essa tentativa de parte de roteiro foi escrita no começo do ano de vestibular e a vontade continuava, talvez só tivesse "acabado" quando entrei na faculdade.

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