quinta-feira, 27 de março de 2014

Dicas do Abinoã Sincero da Depressão

Tudo começou há muito tempo, quando foi criada uma página no facebook, uma página de humor. A foto que constava em seu perfil era um único 'frame' irrelevante de "Abinoã - O Filme", longa metragem no qual o tigre mágico do título vomita durante duas horas e meia, apenas para morrer no final.
Não que a pessoa que criou a página se incomodou em ver de fato o filme ao invés de ter pego a imagem no google e decidir criar com ela um depósito para frases engraçadíssimas, copiadas mil vezes e que são "verdade, hurr hurr". Que por acaso eram "da depressão", e se for para considerar isso, então o inverno do nosso descontentamento é causado por situações financeiras e de peso que seriam facilmente sanáveis caso as pessoas parassem de clicar em links do facebook o dia inteiro e fizessem alguma coisa.
E também não que a 'autora' da página tenha criado Abinoã, apenas se apropriou do personagem para copiar e colar "frases sinceras da depressão engraçada" sem um pingo da sagacidade de outras tantas mil páginas genéricas e massificadas que fazem a mesma coisa.
Vai parecer óbvio, mas a pessoa que criou essa página não fazia nada de útil, no máximo limpava merda de tralha de manicure, e considerava sequestros uma brilhante ideia. Logo toda a riqueza preciosa dos anúncios iria para ela, enquanto ociosos liam pela décima quinta vez "que gosto tanto de dormir que já acordo com sono", enquanto o cu continuava tendo nada que ver com as calças.
Às vezes, a imagem de Abinoã era habilidosamente editada para conter um bigode de paint brush sobre o rosto do personagem, a fim de indicar que a página era irônica e sincera e da depressão para quem ainda não entendeu, mas o que nunca mudava era a sinceridade das frases. Eram super sinceras, porque foram pegas de outras páginas e só eram postadas por curtidas fáceis.
Até então tudo ia bem, mas uma força se sinistrava se aproximava... O que todos testemunharam foi o avanço da vingativa Indústria de Camisetas! Agora que tinham essas páginas, ninguém mais queria pagar mais de R$ 20 por camisetas 'irônicas'! Essa inescrupulosa indústria se aproveitou de um velho inimigo da  rede social, o Google+! Com esse apoio, os servidores do facebook caíram enquanto os Camisas Negras encoxavam tanto as máquinas quanto os funcionários da rede.
Os autores das páginas não sabiam o que fazer, como não sabiam fazer nada de útil, aliás! E em uma solução "irônica e sincera", embora livre de qualquer lógica, eles libertaram o poder de sua arma secreta, o Paint brush, em cima deles! E descobriram o segredo do fogo e que as estampas podem ser do que o cliente quiser, e não frasezinhas de bosta serigrafadas. E que o poder das frases era livre para todos que pudessem ter internet. E a Indústria de Camisetas faliu de vez, deixando todos com frio da cintura pra cima.
Quando finalmente parecia que a poeira ia baixar, o Paint os traiu! Ele parecia ter uma consciência própria, e exagerou no uso de montagens por todo facebook! Desenhos mal educados agora faziam parecer que personagens famosos eram pegos no flagra traindo seus respectivos cônjuges ou que olhavam com medo para uma genitália masculina.
A criadora do Abinoã Sincero da Depressão precisava fazer alguma coisa se não quisesse perder a renda dos anúncios! Foi assim que ela fez um pacto com demônios e com fãs gordos de Brujeria. Ela abordou o Google+, que estava num bar, importunando o garçom e afogando as mágoas porque ele nunca seria tão famoso quanto seu rival e amante.
Ela disse que precisava dele para vencer um grande mal que logo ameaçaria toda a internet: montagens! Logo desocupados do mundo inteiro precisariam fazer alguma coisa! Mas ele estava muito amargurado e se recusou. A última tentativa não ia dar certo, não tinha mais o que fazer a respeito. Dessa vez, ele só queria beber todas e cair pateticamente no chão, mostrando o quão fundo era o fundo do poço.
Mas então ela lhe disse para "nunca dizer jamais", e que ele estava apenas começando! Tinha a vida inteira pela frente! E ele disse: tem razão! E saiu do bar sem pagar (mesmo tendo um monte de grana dos anúncios, o bacaca) e foi confrontar o terrível Paint. Este estava com várias mulheres mal - desenhadas em vestes sumárias o rodeando, celebrando todas as fotos com tanquinho, dinheiro e viagens de ctrl c + ctrl v.
Mas o poder divino do Google+, que era Filho do Homem, o baniu para sempre das Terras da Internet, criando o Google Brush, que tinha mais anúncios e relegaria o do Windows para as trevas, em promessa de vida que ninguém mais o utilizaria para o mal! Enquanto caía num abismo, Paint gritava: "maldito seja, Google+! Vocês não me viram pela última vez! EU VOLTAREI!".
Ao fim, descobriram que Paint havia usado sua ferramenta de borracha para apagar todos os perfis das inimigas, ou seja, todo mundo, com o conhecimento maligno que adquiriu.
E todos não tiveram mais escolha a não ser migrar para o Google+, em invasões bárbaras. E logo os fracassados que criaram as páginas irônicas e respiravam pela boca no facebook repetiram a ironia, remasterizando - a em Dolby Surround no google+ criando "pesquisas de mercado da depressão", ou seja lá o que for.

Moral: Qual a vantagem de ganhar se isso significa que alguém perde?

Epílogo: E todos os criadores de páginas de 'ironia' que ouviram falar na palavra mas nunca foram atrás do que ela realmente significava foram obrigados a correr para corrigir tudo.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Poroto, o pinóquio que desce a lenha

Tudo começou há muito tempo, em uma mágica manhã de natal, onde todas as crianças brincavam em uma neve feita de cocaína, quando um gurizinho foi abrir seus presentes, para ver se tinha ganhado exatamente aquilo que pediu para não começar uma gritaria.
Com papel de embrulho espalhado por toda sala, ele já estava relativamente satisfeito, mas ele se deparou com uma caixa um tanto estranha. Ele sacudiu um pouco para ver o que tinha dentro, e ouviu uma voz gravada de brinquedo dizendo: "Bola de fogo!" - Era só o que faltava, ele ter ganho um boneco funkeiro. Se fosse, ia dar a descarga nele, mesmo que seus pais tivessem pago R$ 299,00 por ele; que moleque imbecil.
Ele finalmente abriu a caixa e se deparou com um boneco de madeira, que por algum motivo estava zangado e vinha com uma faca de cozinha.
O moleque ficou felicíssimo e nomeou o boneco de "Bola de fogo", visto que a criatividade e imaginação das crianças é coisa de outro mundo. Infelizmente, o brinquedo se recusou a atender por esse nome, e o interpelou: "Bola de fogo é o cacete, não me chamo assim. Meu nome é Poroto" - e logo explicou que ele só devia lealdade ao Sacro 'Império Romano-Austro-Húngaro-Germano-Tudo-Mesma-Coisa', defensor da Fontmort, uma organização rexista com nome de queijo, e seus únicos valores eram Deus, família e propriedade. Também explicou que era avidamente contra o Comunismo, que era a pior coisa que poderia acontecer para uma sociedade. De forma a preservar os mais íntegros valores e evitar a disseminação comunista, ele defendia exterminar aqueles 'escurinhos' com cara de pobre.
Ele também disse que só brincava 'se tivesse vontade', caramba. Constrangido, o guri tentou puxar assunto com ele, perguntando que tipo de música ele gostava. Poroto respondeu que só ouvia "metal melódico ambiguamente cristão" de cantores com nomes ruins que por mais cristãos que sejam falam um monte de putaria sobre carpintaria e gelo. Ele até mostrou um CD de uns caras, e o guri disse:"legal" - "Legal, né, cara?!" - e Poroto o forçou a ouvir todas as faixas.
E assim, eles se divertiram um monte, enquanto Poroto batia no guri com suas madeiras dolorosas que vinham incluídas na caixa junto com pilhas AAAA que precisam ser importadas da puta que pariu. E à noite, eles saíam voando pela cidade, e o moleque cantava com sua voz castrada que estavam "voando num voo no meio do ar, que era bem alto", e que "os retardados, logo abaixo, eram pegos de surpresa por trás e nem acreditavam nos próprios olhos, quando viam a gente transando no aaar..." - e todo mundo olhava, apenas para constatar que era mentira.
Poroto conseguia voar com pensamentos felizes de judeus mortos e com suas pilhas ultraespecíficas, se tornando parte da força aérea dos Poderes Centrais, que eram os 'vilões', enquanto os Aliados eram os 'bonzinhos'.
Por tamanha diversão, o guri lhe era eternamente grato, mesmo que tivesse que tomar muitos remédios controlados para tolerar Poroto.
E um dia, Poroto disse que ia começar umas aulas de MMA, porque disse que é muito maneiro e demais, e agora ele só comia açaí com whey e "treinava". Sempre que o guri queria voar, ele dizia, "agora não, guri, tem treino". Poroto jurou que seria o campeão do universo em MMA. Mas ele nunca foi em uma aula sequer.
Foi o primeiro grande afastamento do guri de seu brinquedo favorito, e a situação só era agravada enquanto ele era zoado na escola por ter um boneco autoritário ao extremo no orkut e por estar na puberdade. Até que ele decidiu tomar uma providência;
Justo quando Poroto planejava como ia derrotar o Anderson Silva (em sua defesa, ele não era uma marionete bem informada), chegou o guri e disse: "Então, sabe... aquelas coisas... que a gente fazia enquanto voava? Ah, então... Isso pode ter te deixado, tipo, meio assim, meio que... grávido". Poroto disse: "Ah meu Deus, meu Deus! Vou fazer os exames!" - mas o guri disse que tinha certeza, e Poroto disse que 'então tá'. Mas ele ficou muito mortificado! Nunca achou que aquilo pudesse lhe acontecer!
Um pouco mais tarde, quando o guri voltou para vê - lo, um pouco arrependido do que o fez acreditar, Poroto tinha sumido!
Ele percorreu toda a vizinhança, levando ovada e verduras podres na cara e sendo eternamente zoado até achar Poroto.
Ele estava todo machucado, jogado no mato; tinha vários ferimentos de galho de mamona, tentando provocar em si mesmo um aborto, 'sem que ninguém soubesse'. O guri ficou arrependidíssimo do que fez, tomou o brinquedo nos braços e chorou...
Vários anos se passaram, e Poroto ficou jogado de lado, embora devidamente tratado dos antigos machucados. O guri agora já trabalhava e estava casado, e um dia se lembrou do boneco, e todas as alucinantes aventuras que viveram.
Depois de ter as pilhas trocadas, Poroto agora era "promoter" de umas festas por aí, de acordo com seus valores integralistas; era o tipo de festa 'diferenciada', sabe - se lá pra quem, que só tinha bebidas ridículas que custam R$ 20,00 a gota, umas comidas caras, afetadas e nojentinhas que ninguém gosta, ao fantástico e contagiante som de silêncio; isso quando ele não 'contratava' escravisticamente os DJs mais patéticos da face da terra, com cara inigualável de palerma e nomes apropriados a tal condição como DJ "Libertem os Beagles" ou DJ "Sem Beagles".
E ele vestia umas fantasias supercretinas venezianas que ninguém entendia e esperava que entendessem ("ah, você tá de pirata, né?) - perguntando para pré - adolescentes bicuriosos se eles gostavam de chocolate, e se respondessem afirmativamente, ele iria repetir a pergunta na expectativa que confirmassem a resposta, só para dizer 'que azar, a gente só tem porcaria hidrogenada'. E 'tão achando que a gente tá na Disney, porra?'.
Essas festas foram fiascos que renderam a Poroto um prejuízo financeiro monstruoso, os bancos estavam atrás do couro dele e ele estava oficialmente na merda.

Moral: Coma bastante salada.

domingo, 23 de março de 2014

Os Homens Marinhos do Equador

Tudo começou há muito tempo, quando Abinoã estava andando na rua, um pouco desanimado. Provavelmente ele estava pensando em assaltar um banco ali na esquina. Mas ao dobrá - la, ele viu uma propaganda em vídeo na parede, muito mal - feita, com cara de que foi feita no Windows Movie Maker. Ela dizia "VISITE O EQUADOR", mas não parecia muito oficial, não.
Nela, havia um cara com um chapéu em forma de castelo gritando histérico e meio que satanicamente: "Venha comigo! Vamos em uma viagem para buscar os homens marinhos... do Equador!!!" - E Abinoã ficou completamente impressionado; parecia que o cara estava falando com ele! E assim ele respondeu: "É uma pena, mas eu não posso! É muito caro!" - E o cara respondeu: "Abra sua mão! Seu sovina, unha de fome!"
E a imagem vídeo na parede de súbito se tornou uma águia imperialista, e Abinoã subiu correndinho as escadas que levavam àquela parede. O vídeo agora era um close na face daquele cara, que lançava um olhar 43 para Abinoã. Através do televisor ele ergueu sua mão para Abinoã, e ele a agarrou com sua mão direita suja, e foi levado para o Equador, e eram os dois dentro do vídeo agora!
Juntos, eles andaram sob o sol e vasto céu azul do Equador, quase trombando um no outro, e Abinoã achou que talvez o cara não tivesse uma boa noção de orientação espacial. Ou fosse ele mesmo, vai saber; ele era super inseguro de si.
Mas na verdade, ele colocou a mão no ombro de Abinoã, apenas para mostrar uma arena, onde no passado distante, havia gladiadores. E disse: "Abinoã, um dia tudo isso será seu". Mas logo se desvencilhou dele para realizar patéticas danças enquanto gritava "EQUADOR!"
Então houve uma enorme e chocante reviravolta: a águia imperialista de antes pousou no braço daquele cara! Ele a domesticava, e não o contrário. Não tinha medo de nada, era o fodão.
À distância, vinha uma mulher carregando um peso de papéis de vidro, oferecendo como presente e sinal de amizade e benevolência. Mas no ritmo que ela andava, ia demorar um pouco. Até se poderia sugerir que ela pegasse um ônibus, mas ela não queria gastar com passagem.
E o cara continuou mostrando a Abinoã o encanto do que considerava como "Equador". E deixou ele sozinho uns instantes, porque foi estereotipicamente cortar cana. Abinoã ergueu os braços em saudação ao sol e à majestosa águia, e pouco depois apareceram umas modelos estonteantes que dançavam que nem gelatina ou duendes favelados com facas, e Abinoã as olhava e pensava: "Meu, nada a ver esse chapéu com essa roupa! E essas unhas!"
Mas logo houve conflito! Apareceram uns sujeitos com cara de pitboy e óculos escuros. Um deles usava uma camiseta da seleção argentina. Um que acreditava ser o líder inquiriu Abinoã: "tá olhando o quê?"
- "Agora não sei, tem uma bicha na frente e não consigo ver". E isso deu margem a um angustiante afrontamento, enquanto que em universidades se poderia ferozmente destruir aulas e equipamento por completo, valendo - se de uma machadinha, com o intuito de matar com poder!
O pior só foi evitado graças à chegada da mulher com o peso de papéis, trazendo harmonia entre os povos, fazendo um segurar a mão do outro.

Entretanto, desde que Abinoã havia chego ali, não tinha visto sequer um homem marinho! Mas aquele cara ficava falando: "Escute - me!" - como se o estivesse tratando de mendigo que limpa os ouvidos imundos com cotonetes e os deixa todos jogados na rua. E vivia dizendo: "Venha comigo! Vamos em uma viagem para buscar os homens marinhos... do Equador!" e "Equador!".
Abinoã começou a achar ele um pouco repetitivo, mas se ele estivesse prestando atenção, o cara maníaco iria levá - lo consigo para os homens marinhos. Lhe avisou então: nósa vamos por baixo d'água, "okeyday"?

E nas profundezas do mar, encontraram os tais dos homens marinhos, que construíram sua própria civilização, e lá acharam um Aquaman equatoriano.
Abinoã estava maravilhado! Depois de tanto tempo, ele achou os homens marinhos! Mas tal êxtase não durou muito, porque aquele cara o apagou dando com o peso de papéis na nuca dele, e ele se afogou nas profundezas. E ele e os homens marinhos devoraram o corpo de Abinoã, porque eram um raça de 'sereios' que dependiam da vinda de humanos para se alimentarem, enquanto aquele mesmo cara ria diabolicamente.

Moral: Sempre deixe suas calhas limpas

sábado, 22 de março de 2014

Martelo da Bucha - Parte II

Homenzarra

Egon, evitando a qualquer custo a dura justiça que aguardava os fugitivos do Reino Limítrofe, rumou para o sul entre árabes e agora estava perambulando as estepes inférteis de Lir. A escassez se sobrepunha sobre todas as coisas, e ao contrário da primeira vez em que esteve em uma cidade de pedra e passado por Turmalina, agora ele estava em uma vastidão de nada no meio do nada. Era a zona fronteiriça com Ruusica'ad, onde os líricos, ditos os Filhos de Lir, com suas grossas lâminas trocavam espadadas e talhos na carne com os efeminados lutadores rusicadianos, que desciam correndo com sua infame diarreia de batalha. As esparsas aldeias líricas que existiram algum dia lá foram incendiadas pelos patifes invasores que levavam seus habitantes embora para servirem de escravos entre os minúsculos principados que formavam Ruusica'ad.
Ele dormia de barriga vazia em meio à vegetação rala e acordava com os odiosos cachorros da praga mordendo suas pernas. Ele tinha de chutá - los um monte para convencê - los a deixarem ele em paz, apenas para deixá - los ainda mais irritados. Contra eles ele só tinha galhos, pedras e uma choupana de lama seca.
Seu estômago já doía de fome, e cada dia ele andava menos. Não era por nada, mas ele achava que a inanição, cachorros selvagens com doenças, pessoas loucas e canibais poderiam levá - lo a um fim aviltante.
Poderia ser coisa de um hipster bobo alegre, mas o pensamento de morte se tornava cada vez mais frequente.
E então apareceu, brilhando do nada, uma mulher de dois metros que era a favor de homenagens dúbias a desenhos antigos, com um brilho estranho na pele. Ela tinha uma brilhante armadura de samurai, e apareceu cantando Lana Del Rey, o que com certeza havia pego Egon pelo lado hipster bobo alegre que ficava cada vez mais transparente.
Ele perguntou quem ela era, e ela respondeu que era a deusa Forlei, deusa da guerra e do sexo e protetora de adaptações mercenárias, que era de uma família muito importante, dona de uma rádio, onde um pedro bial propagava suas estripulias. Até poderia ser televisão, mas 2007 a.c. era uma época muito antiga e ela ainda não havia sido inventada.
Ela sacou a enorme espada de aço espinhosa, e disse que lhe ensinaria a esfolar seus inimigos, e a fodar também. Pra quem não sabe, "fodar" é o ato de fugir do roubo de uma joalheria e aparecer fantasiado pro carnaval na casa dos pais, sem avisá - los, e tomar reféns. Só que mais mal - educado, como o nome sugere.
Egon foi tomado sob a proteção de Forlei, e ela lhe ensinou seus caminhos como deusa. Ele tinha pouquíssima experiência em matar com uma espada, tirando o incidente com  o Tamanduá, mas sobre ele fluiu fácil a arte da luta, com tanta diversão que faria até um velhinho cômico querer arrebentar alguém. Ela lhe deu uma espada atlante e ensinou a combater com ela. Sob a tutela de uma divindade tudo fica mais fácil; logo aquilo parecia brincadeira de criança para ele, e ela lhe ensinou coisas que ninguém nunca lhe disse antes, como X bolinha pra cima X triângulo pra baixo quadrado.
E quando o feijão se misturou com o estrogonofe, Egon se tornou um implacável guerreiro com os brilhosos músculos de aço, com poderes titânicos, que esmagava os crânios dos inimigos e molhava calcinhas, e ganhou a "amizade das coxas" de Forlei, o que o deixaria eternamente na friendzone com suas coxas, tendo que ouvir desabafos e tomar banhos de água gelada. Tal foi o ensino da deusa a Egon sobre a arte mística de "fodar" com alguém.
Seu treinamento havia terminado, e Egon ganhou um certificado de dez horas complementares. Forlei não poderia ficar ao lado dele para sempre, sabe como é, coisas da deusa... Mas lhe avisou para seguir seu caminho, rumo à Ruusica'ad, que agora tava perto, e que ele precisava espalhar sua mensagem divina de amor e esperança, de uma deusa que que favorece carnificina nos campos de batalha, sexo selvagem com muita "fodação" e uma adaptação pro cinema de Corrida Maluca que ia ficar 'animal, crianças'.
Meio tristinho com a partida da grande deusa que acabara de conhecer e que lhe havia feito tanto, Egon rumou para os vários principados de Ruusica'ad, tantos quanto as estrelas no firmamento, fazendo seu salvo - conduto com a morte e destruição que distribuía pelo caminho com a espada.

Ruusica'ad era o grande território mais oriental de Homenzarra, composto por uma vasta planície cortada por uma vastidão arenosa conhecida como Deserto do Rei da Pérsia, e emparedado por cadeias montanhosas como a de Isoldatristão e Nutristão.
Uma vez essa terra já foi um império, que até peitava os Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui em busca de maior expansão e riquezas, mas o poder central se desintegrou por causa da destruição de sua gloriosa capital, Ur Mitu, por uma coalizão antiga de Senhores Teimas e nômades da Sumatra. Os muitos nobres e chefes tribais não viram interesse em restaurar a capital e assumiram controle total de seus respectivos domínios, despedaçando o antigo império, coagulando o antigo ímpeto dominador e criando páginas de humor no facebook que sequer graça têm.
Enquanto que os Senhores Teimas saquearam tudo o que puderam carregar e voltaram pra casa porque deixaram o forno ligado, os nômades ali se estabeleceram e se misturaram com os nativos. Assim surgiram os povos montanheses que faziam uma dança para ignorantes como você não entenderem e buscavam escravos para mamarem no rico e saudável comércio de gente rusicadiano. Lutavam entre si o tempo inteiro, devido ao tédio e falta de mulher, e faziam uma ricota azeda completamente terrível. O pouco que os unificava era um chefe com proeza marcial e fala mansa, e ainda assim não faltava conflitos por lá.
Após uma longa jornada, Egon chegou ao principado de Gungadin,  uma cidade estado murada e bem distante dos perrengues da fronteira; uma cidade arrogante com um próspero comércio e que achava que as invasões em massa dos guerrilheiros e seguradores de machadinha dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui vindas do leste jamais a atingiriam.
Às vezes tinha uma princesa com quem ele conseguia passar a noite, que ficava perguntando "oncê foi ontem?", e às vezes não tinha.
Ele não passava tempo nas tavernas, porque o efendi local havia proibido o funcionamento delas, "por serem locais clichês onde toda estória fantasiosa precisava urgentemente ter continuação; já seria o milésimo caso disso, e portanto uma grave violação à ordem pública". Então ele ia a lan houses beber guaraná e comer doritos enquanto colocava uma frase profunda no status do seu MSN para todos verem.
Mas, de repente, a porta foi aberta num estrondo, e vários jagunços jainistas mal - encarados armados até os dentes entraram. Um representante dentre eles avisou para todos os presentes que estavam recrutando "grandalhões idiotas que soubessem manusear uma espada, pois haviam perdido muitos numa tocaia e tavam precisando repor o pessoal". Um deles, chamado Gemido, avisou que não era para ficar anunciando os fracassos do grupo. E o representante, Chiado, respondeu que era para ele calar a porra da boca dele, que ele sabia o que tava fazendo e não precisava de um imbecil que nem ele ditando. Gemido se encolerizou e partiu pra cima dele no braço, e os dois trocavam insultos hediondos e tentavam matar um ao outro, impondo instruções sobre coisas básicas como usar o banheiro e dormir, enquanto falavam errado nomes de personagens do Senhor dos Anéis, tipo "Frolo", "Sarúmen" e "Babárvore".
Egon disse que se juntaria a eles, se isso significasse que iriam parar com aquela zona, tava difícil mexer no MSN daquele jeito; Além do mais, ele se identificava perfeitamente com a descrição, e sabia mexer com powerpoint.
Satisfeitos, aceitaram Egon, e meteram seus capuzes negros enquanto passavam pelos portões da cidade a galope, gritando e fazendo palhaçada. Por um trecho férreo do Deserto do Rei da Pérsia cruzaram até alcançarem as montanhas, e lá se reuniram com os outros no acampamento.
No maior dos pavilhões, estava o chefe daquele destemido bando montanhês, Jeyh Ksha Shun, preparando um lanchinho com a comida extraída de seus dentes com uma faca. Sua careca reluzente só era quebrada por um rabo de cavalo na nuca que deslizava até seus casacos de pele de vovó, que ele insistia que se tratavam de "vestimentas cimerianas".
Com sanguinolência ele havia conquistado tal posição, e agora ele mantinha motivada sua horda com apresentações de powerpoint e coaching. Havia mágica naquilo tudo.
Mas em realidade, ele era um desequilibrado mental que queria assassinar sua família inteira. Ele tinha uma mulher maravilhosa e três filhas queridas, mas iria desmembrá - las lentamente enquanto imploravam por misericórdia.
Deslizava felinamente pelo seu pavilhão listrado roxo, e bebia umas cervejas realmente estranhas, vindas de garrafas exóticas com "O Boticário" escrito nelas, que lhe davam ambições de conquista. No entanto, Egon passou a viagem inteira até lá se perguntando por que ele não tinha ido lá pessoalmente, minando ainda mais a reputação entre seus homens como um competente chefe guerreiro.
Seus cruéis olhos cinzentos se levantaram para observar o recém chegado Egon, e ele disse aos seus subordinados que não deveriam catar qualquer filho da puta com quem cruzassem olhares efeminados na rua; ele precisava ser testado na impiedosa disciplina dos povos montanheses! Ele seria testado no teste vocacional de fogo e aço em combate singular - isso para acabar com as expectativas de Egon de que seria Cirque du Soleil.
Escoltado para fora do pavilhão do chefe, já haviam preparado toda a farra de homicídio que haveria naquele dia vermelho. Egon teria de enfrentar Nhanoss, um lugar-tenente de Jeyh em um duelo até a morte. Antes o ritual consistia em uma briga singular ao estilo de membros de gangues, os dois cada um segurando uma ponta de uma corda em uma mão e uma faca na outra. Mas depois de um clipe do michael jackson, eles ficaram se sentindo meio ridículos por fazer aquilo e decidiram reformular as regras.
A corda se foi, Nhanoss iria dispor de uma faca como arma enquanto Egon era amarrado por um monte de correntes pesadas, como se fosse para ele ser atirado ao mar e afogado, mas não havia água em centenas de quilômetros e teriam de esperar o sertão virar mar. E nada de faca para ele.
Jeyh Ksha Shun deu o sinal para que o combate começasse. Nhanoss avançou com um olhar malicioso, com aquela cara de "hoje tem"; Egon apenas esperava que não fosse com seu cadáver...
O adversário andava se ajoelhando e insinuando truques traiçoeiros com a faca, e Egon se debatia para se livrar das correntes e ter alguma chance contra o montanhês. Suor frio lhe descia da testa enquanto ele se aproximava muito lentamente apesar dos pézinhos de algodão pederastas.
De repente, a faca se projetou sobre o rosto como uma odiosa cobra dando o bote, e abriu a pálpebra esquerda de Egon, que valentemente ganiu: "aiaiaiai! Doeu!". Nhanoss soltou uma ridícula e detestável risada de provocação, enquanto Egon fechava firme e dolorosamente seu olho para que o sal do suor e do sangue não entrassem na órbita e ardessem ainda mais que a ferida.
Seu inimigo fazia uma dança da chuva arritmada cantando no mais autêntico ritmo de mercado persa: "vaissifudê, vaissifudê vaissifudê - vaissifudê". Ele não iria nunca mais fechar a boca, e, de repente, o barulho que resoou pelas montanhas próximas foi um estampido ensurdecedor, e uma unha entrou pela glote de Nhanoss, e ele se engasgou com ela e morreu.
Ele fora cego e imbecil demais para ver que Egon havia improvisado um lançador de unhas roídas a partir de um elo de corrente enferrujado, clipes de papel e chiclete. Todos os outros bandidos das montanhas soltaram a franga em comemoração; foi uma salva de palmas e gritinhos agudos como nunca antes.
Jeyh Ksha Shun também aprovou da sobrevivência e vitória de Egon conforme as leis deles, mas sua palavra se impôs sobre todos ali: "Não fiquem animadinhos demais, seus otários, a gente já ficou tempo demais aqui! Nós  agora vamos descer e saquear, pilhar e matar até fazer bico!"- e foram mil vivas em tailandês, idioma local das pradarias da Escandinávia.
E uma centena de cascos fizeram tremer a terra ao pé das imponentes montanhas do Nutristão, enquanto os saqueadores nômades, com Egon engrossando suas fileiras, mais uma vez cavalgaram que nem o vento em busca de um selvagem sustento a partir do sangue dos inocentes e mentiras sobre estudos de gênero, levados muito a sério por Jeyh Ksha Shun.
Por onde passavam, eles deixavam apenas devastação e sangue derramado para trás. Vilarejos eram reduzidos a menos pessoas, caravanas de mercadores doidões de rebite eram pilhadas e liquidadas, e o horror era instaurado. Egon se sentia nascido de novo e seguidor dos ensinamentos de Forlei quando podia cavalgar com as axilas assadas e fatiar vários homens continuamente com sua espada. A diferença entre aquele bando e os outros saqueadores nômades de Ruusica'ad era que eles fizeram um pacto sacro de nunca, jamais, se envolverem com o comércio de escravos. Para eles, a escravidão era uma prática bárbara, monstruosa, desumana, cruel e indigna. E era por isso que sempre que libertavam grupos de escravos, eles decapitavam todos eles e os pisoteavam até sair as tripas.

Jeyh Ksha Shun estava ávido para acumular ainda mais riquezas, e agora que Ruusica'ad era depredada pelos exércitos invasores, era uma grande oportunidade para algo mais ambicioso! Enquanto isso, sua sanha de derrubar e retalhar brutalmente sua mulher e filhas com machadadas apenas crescia, que nem puberdade.
E Egon reunia seus companheiros de armas mais próximos, vestido com um camisolão e gorro de dormir, para perguntar se eles teriam um minuto para ouvir a palavra de Forlei. Tal como ele havia prometido àquela grande deusa, ele passou a parte teórica de "fodar" e lhes ensinou que "é preciso brincar de papai e mamãe e rachar os crânios dos inimigos como se não houvesse amanhã", e todos concordaram e assinaram embaixo.

Enquanto isso, o apresentador Tribuna da Alerta Urgente estava indignado, rosnando já cedo naquela do edição do programa pela incompetência da zotoridade em capturar um foragido "altamente perigoso", um canalha, um crápula, um tal de Egon. Matou a própria mulher e ainda fugiu da delegacia! Ele também estava irritadíssimo com o trânsito, com a própria voz, que era uma imitação pobre de outras personalidades e era forçada a ponto dele parecer um asmático com desvio de septo, que seu nome era um trocadilho manjado, do tipo "Marcelo Demente", e que sua vida era uma grande piada, e ele começou a chorar em pleno programa. Mas lágrimas de raiva, de macho!
A polícia e o magistrado locais perceberam a fuga dele como um grande insulto à ordem pública, e as patrulhas foram dobradas, e as buscas eram extendidas ao máximo. Os antigos bens de Egon agora pertenciam aos seus amigaços nos postos de altos oficiais da polícia e do governo daquela pocilga, e nem eram tantos assim, ou mais do que tivessem cada um. Se apenas soubesse Egon que eles usaram Tamanduá, um viciado qualquer e inútil, como um bode expiatório para o assassinato de sua esposa! Dessa vez não foi tanto pela notável ineficiência deles, mas por causa de um amigo deles que era mais amigo do que Egon, e que usou dessa sua influência para manter suas ligações com o incidente apagadas e continuar seu saudável e lucrativo tráfico de camafeu.

E ainda queriam fazer um exemplo de justiça daquele Egon, e não iriam economizar esforços. Houve rumores pouco confiáveis circulando pelas ruas de Ferras que o magistrado contratou jagunços vindos de Lir, embrutecidos pela guerra na fronteira e em busca de dinheiro mais fácil. Teriam recebido ordens de matá - lo assim como chacinar qualquer um identificado como parente de Egon ou que se pusesse contra eles ou aqueles ao mando.

Se assim fosse, seu filho Droggit poderia estar em gravíssimo perigo. Mas felizmente não estava. Ele estava mais distante do que aqueles adoradores de cintaralho poderiam imaginar. Quando ele havia corrido covardemente para bem longe, eventualmente ele chegou a Mércia. Ele encontrou seus avôs decrépitos Moussaká e Tecanoro, que o acolheram e lhe iniciaram nas artes mágicas e bruxaria, dessa vez contentes que tinham algo parecido com um filho que realmente se importasse com magia. Assim criado em casa de vovó, ele virou um fresco, mas deixou o velho casal orgulhoso de que seu potencial era bem maior do que poderia aparentar. Ele era ciente de um monte de detalhes herpéticos que detiam uma força incrível na confecção de bens de 1,99 e pedras do rim sem perspectivas profissionais.
Ele havia aprendido um monte sobre a Bruxa com seus avôs, e devia a ela seu talento único e imenso. Provavelmente ela era chegada numa criança, pois a magia que Droggit adquiriu poderia abrir brechas na realidade, alterá - la por capricho e lhe permitir andar entre os Planos de Existência. Apenas com a permissão dela, mas por si só já era grande coisa.

Suas viagens entre os Planos por vezes não eram muito agradáveis, como certa vez em que estava em uma caverna lúgubre e havia encontrado seu pai acorrentado à parede só que mais parecido com um guerreiro lírico indomável e dançarino do ventre daqueles filmes cult que viu com seus avôs, mas encardido e brandindo uma espada, visivelmente apreensivo e angustiado por estar preso lá, poderia ser desde sempre...
Ele tentou libertá - lo, e por fim a corrente cedeu e Egon estava livre, e disse para Droggit sair correndo, pois a Bruxa estava próxima, sua sombra deslizava pelas paredes de pedra fria...
Ele correu em desespero, e Droggit parou para um vislumbre da Bruxa, não havia nada que ela pudesse fazer de mal, ela lhe deu o dom da bruxaria!

Mas quando ela apareceu com sua horrível cara caolha, ela ergueu sua mão esquelética com unhas compridas e sujas que dificultavam enormemente a higiene pessoal e delas saiu uma espécie de raio vermelho que foi difícil de explicar na hora de fazer o Boletim de Ocorrência, que atravessou o lindo tórax de Droggit e cauterizou os órgãos internos, deixando um vão no lugar. Seus olhos estavam revirados e sem vida, e sangue negro vazava dos cantos da boca, enquanto a gargalhada sarcástica da Bruxa ressoava por aquela gruta asquerosa enquanto Egon rumava em desespero para a liberdade e ela partia em sua busca, com sotaque baiano e brandindo uma faca de cozinha.

Droggit havia morrido naquele lugar, mas ele continuava sendo pré - adolescente em alguns lugares, estava para nascer em outros, e poderia até ser um quarentão semicalvo casado, como havia escolhido ser naquele mesmo Plano em que estava Homenzarra e toda a história tinha passado até então.
Esse Droggit de meia idade era bem realizado profissionalmente; com seus caprichosos artifícios de bruxaria ele criou uma linha de lancheiras escolares de todos os tipos, como uma com vários divisores para organizar melhor cada tipo de comida, uma antirroubo, uma musical, baseada no musical Evita, que o fazia rememorar sua infância e do quanto ela foi ruim, uma à jato que voava, e uma outra que era toda de papel alumínio e poupava aos pais todo o trabalho de ficar embalando a merenda dos guri.
Com toda renda que ele ganhou com sua fixação com lancheiras ele construiu uma grande e bela casa, com muito conforto, e tinha 3 autometralhadoras na garagem. O que quase superava seu amor por lancheiras era a mulher que ele havia adquirido para si com uso de magia, Diana, que era uma loirinha mirrada com olhos azuis, com uma voz muito aguda e um jeito de quem sempre tem sono, que poderia ou não ser aquela bruxa lá do "Valente", segundo a teoria furada do universo da pixar. No jardim, Droggit fez os túmulos dos finados Moussaká e Tecanoro, que o criaram com tanta dedicação e carinho, aos quais ele devia tudo; eram duas lápides de mármore branco que repousavam sobre a grama viçosa e bem cuidada.
Ele havia ficado horrivelmente decepcionado quando descobriu que mesmo toda sua magia não poderia trazê - los de volta. Ele era um dos maiores magos vivos, sem dúvida, e ficava triste de não poder esfregar isso na cara deles.
Sobre as pedras brancas ele depositava oferendas das melhores flores, das mais caprichosas pedras de rim sem perspectiva artesanais que criava dentro de si com tanta dedicação, e colocava um aparelho de som que tocava "Moleque Transante" para eles. Não se sabia por quê, mas pouco em seguida havia um barulho perturbador de terra sendo revirada. Diana ficava apavorada e pedia para chamar um padre.

Lá estava ele, sentado no quintal, apreciando o que a magia, mais do que trabalho duro, tinha lhe proporcionado. Quando, num brilho estranho, surgiu uma mulher de dois metros em armadura samurai na frente dele. Ela se identificou como Forlei, deusa da guerra e do sexo. Quando ela sacou a enorme espada de aço espinhosa, e disse que lhe ensinaria a esfolar seus inimigos, e a fodar.
Droggit parecia bastante aturdido, e perguntou por que ela estava ali. Ora essa - ela respondeu - ela tinha vindo para fazer dele um homem e um guerreiro que nem o pai dele. Ele pareceu chocado - "Meu pai... Você conhece ele? Onde ele está?" - e ela respondeu: "ué, achei que você, na condição de filho dele, ia saber... Quando o encontrei, ele estava sem rumo em Lir, e agora ele deve estar em Ruusica'ad" - Ela nem tinha terminado de falar e Droggit pareceu muito aflito - "Eu não vejo ele desde criança" - Assim que Forlei terminou de ouvir aquelas palavras, seu coração se partiu em dois. "E sua mãe?" - ele respondeu com um enorme nó na garganta, se esforçando para não ceder e chorar: "Ela foi morta com um peixe pontudo" - ela cobriu a boca em choque: -"Que horror! Foi com umpae peixe - espada?"
 -"Não!" - Droggit não aguentou e começou a chorar e soluçar incontrolavelmente. Forlei tentava confortá - lo: "Calma, calma, desculpe as perguntas... É que seu pai não me contou nada a respeito disso, a respeito da família toda aliás"- E o choro dele só ficou mais alto e desesperado.

Forlei era meio que da área de família, e ficava hiper sensível diante de uma situação assim. Parecia que a vida era ruim, que as pessoas são piores ainda, que nada podia ser feito e logo ela se juntou à choradeira, fungando no ombro de Droggit, que chorava catatonicamente.
E ela foi embora correndo e chorando que nem uma criança, sem nunca ensinar Droggit como matar os inimigos e fodar. Sua aflição era tanta, mas tanta, que ela morreu de tristeza, em uma explosão de relâmpagos ao solo, em uma imolação divina. A Bruxa viu aquilo, e ficou felicíssima, pois a morte de uma divindade prenunciava uma de mais um monte de eras que ela iria testemunhar; aquele sinal apenas prenunciava a vinda de uma nova destruição da vida sobre a terra, e da destruição daquelas patéticas divindadezinhas que a humanidade insistia em idolatrar. E a família daquela ordinária iria ter menos domínio da mídia, abrindo alas para a nova rede da Bruxa, cheia dos contatos com o governo e tal.

A partir daí, Droggit tentava desesperadamente  contatar seu pai por meio de magia herpética astrológica e poderosas pedras de rim sem perspectivas profissionais. Mas era tudo em vão, recebia apenas silêncio e vazio, como se todas aquelas coisas tivessem perdido seu significado nas disciplinas mágicas. Diana o viu com o rosto completamente vermelho e empastado de lágrimas, e lhe perguntou: "O que foi, querido? O que te deixou assim?" - Ele respondeu estupidamente em toda sua frustração, tacando um copo na parede ao lado dela que se despedaçou, e ela saiu correndo aterrorizada gritando: "louco!"

Sem que ele fizesse a menor ideia, Egon acompanhava Jeyh Ksha Shun e seus alegres homens em direção ao imenso acampamento de campanha da aliança dos exércitos dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui, de onde saíam incursões que depredavam todas as terras ao redor. Eles foram chamados ao final do dia para se reunir pacificamente com o invasor, que lhes iria apresentar a oportunidade de se unirem a eles e subjugarem toda a Homenzarra. Mas como um Homem morre mas nunca se rende, eles teriam de recorrer para o genocídio. Ganhariam fantasias cafonas como uniformes se cooperassem com eles. Para Jeyh Ksha Shun, a ideia até parecia interessante, ele sempre quis ser parte de algo maior, como os escoteiros, jovens da igreja, ou ióga kids, além dele não ter nada além de desprezo por aquelas terras cheias da zumba.

Iriam discutir isso em um festim, mas Gemido disse que talvez o próximo não fosse de festim. Chiado retrucou que ele parecia uma velha de 90 anos dizendo isso e que ele iria morrer sem ouvir algo tão ridículo! "Posso providenciar isso!" - Gemido e Chiado começaram a se atracar e tentar selvagemente matar um ao outro, isso no meio do acampamento dos invasores. Era muita violência enquanto falavam errado nomes de personagens de O Hobbit dessa vez, tais como o daquele dragão lá, o Smangue, e lá o Tôrín e o Bimbo, e ainda por cima falavam "O Rabbit".
Gemido disse que Chiado só estava citando personagens do Hobbit porque foi lançado a bem menos tempo e portanto ele era um poser, modista, tendencioso...
"CALE A MERDA DA SUA BOCA!" - foi a resposta de Chiado.
Custou muito para separar os dois, que trocavam cusparadas, até que Jeyh Ksha Shun ameaçou gravemente que, se não parassem, seriam inscritos no "A Fazenda" e expostos ao ridículo e à falta absoluta de sentido na vida,  e ainda serem obrigados a andar pelados no gelo.
Entre as fogueiras da perdição e drumetes para a guerra pagã, o bando passava apaticamente pelas mulheres - árvore que pretensiosamente tentavam intimidá - los com caras de má. Chegando ao grande pavilhão de feltro do festim, descobriram que ia ter batalha de iPod, cupcake e o tema ia ser "bazinga".
Eram exércitos de várias nações, filhos de Espada com a loira do banheiro, e nenhum deles era representado apenas por um, haviam comissões inteiras para cada Reino Que Jamais Será Mencionado Aqui.
E assim o entrosamento começou. Às brutais gargalhadas Jeyh Ksha Shun discutia na mesa dos adultos a respeito das propostas e das divisões que seriam feitas sobre as terras e riquezas conquistadas de Homenzarra, que seria transformada num parque de diversões, enquanto que alguns dos altos oficiais quiseram saber mais sobre Egon, como ele veio parar ali. Mas quando ele começou a discorrer sobre aqueles doces lá de uma padaria que ele gostava quando tinha 9 anos, eles se arrependeram gravemente.

Ele discorreu nos mínimos detalhes tudo o que lhe havia acontecido até sua fuga do Reino Limítrofe para Lir, excetuando o incidente do encontro com a Bruxa, pois ele se sentia péssimo a respeito do ocorrido que lhe fazia sentir pior que um traveco ou um bicheiro. Ele iria continuar, mas foi cortado pelas opiniões pernósticas de um deles: "Ah puxa, então o segredo da sua sobrevivência até então foi conhecer tudo a respeito de comunicação. A comunicação é tudo; é impressionante como é isso que nos torna mais humanos... E você entende muito dela como jornalista, é praticamente um Senhor da Informação..." - Mas Egon respondeu: "Não. Eu só sobrevivi por causa da Deusa. Esse nome sim tem poder, tenho até uns panfletos aqui e uns versículos que eu li, que seria muito legal vocês ouvirem e..." - fazendo referência a Forlei, deusa da guerra e do sexo, que lhe deu novo propósito na vida. Não seria possível que não achassem o maior barato também, tirava o pessoal das drogas.

Mas então um oficial com cara de fadinha que usava enormes óculos e era confesso fã de Alice in Chains, acreditou ouvir Egon falando algo a respeito da Bruxa, disse: "Meu, nem vem com essa merda de divindade mentirosa que vocês acreditam! Se tem um motivo pelo qual nós queremos destruir os Homens de Homenzara é que vocês, ou melhor, eles, acreditam nessa mentira de deusa da perna aberta e peluda em que só acreditam esses veadinhos bicuriosos que emborcam champanhe vagabundo em festas alternativetes e são encoxados por parentes, bando de emos!"

Egon olhou fixamente e sem reação para ele, por alguns instantes, e com uma risada sombria disse: "hehehe... filho da puta" - E decepou a cabeça dele. O escandaloso grito ecoou pela orgia, e tudo mundo ficou indignadíssimo, porque alguém defecou na comida, e pediram para matar "ele e aquele filho da puta também".

Egon girava a espada ceivando vidas ao seu redor; em odiosa retaliação, eles espremiam bisnagas de filtro solar que espirravam nos olhos dele! De quebra, ele ainda tinha que ouvir: "Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro, seria essa: usem o filtro solar".
E o bando de montanheses era cercado por todos os lados, estavam em enorme desvantagem! Jeyh Ksha Shun lutou ferozmente, mas foi apagado quando apanhou com porretes e figuras de ação na nuca e levou tortas na cara.
Com filtro solar nos olhos, Egon golpeava contra as lanças e alabardas que o cercavam. Com certeza esse parecia ser o fim, e ele o levaria às últimas consequências, morrendo com uma espada na mão como prometera quando tinha 15 anos ao fazer uma tatuagem de sucrilhos bêbado.
Mas, em todo seu instinto de autopreservação, ele teve de súbito uma ideia; porque sobreviver parecia um pouco melhor que as outras opções. Forlei lhe havia ensinado a matar os inimigos e a fodar, mas agora por que não fodar os inimigos? Era uma clara reviravolta do destino!
Então ele agarrou um dos seus adversários pela camisa e os dois fodaram. Todos que o cercavam recuaram em choque! Nunca tinham visto algo assim; fodar geralmente era algo para se fazer com o sexo oposto, mas alguns dentre eles até acharam legal. Mas para os valores das potentes nações entre os Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui aquilo era uma abominação!
Aproveitando a distração, um do bando de Jeyh Ksha Shun quebrou uma garrafa na cabeça de um dos oficiais presentes, e saiu de fininho. E logo o caos foi instaurado, e era cada um por si e deus contra todos. Os "sodomitas sujos" se batiam com os "obscurantistas ignorantes" sobre a questão de "fodar", se valendo de MMA e vegetarianismo enquanto Egon arrastava Jeyh Ksha Shun, inconsciente, para fora dali e ateava fogo no acampamento. Logo, logo a polícia militar deles 'iria estar instaurando' inquéritos e condenando coelhinhas à morte em chamas.

Egon chegou ao acampamento montanhês exausto, quase caindo do cavalo para sua morte ou tetraplegia várias vezes, assim como Jeyh, que estava com sua camiseta favorita do Phineas e Pherb suja de lama, bebida e sangue dos inimigos.
Depois de uma péssima noite de sono, ele estava que nem Aquiles em sua quitanda. Nesse meio tempo, a diretoria da tripulação tarada dos vastos exércitos dos Reinos que Jamais Serão Mencionados estava uivando de ódio enquanto dançavam funk até o chão; a semente da desordem foi instaurada na noite anterior, e agora teriam motins todos os dias e ficaria chato promover uma campanha de dominação e extermínio desse jeito.
E Jeyh Ksha Shun estava fulo da vida com Egon precisamente por isso! Na mesa redonda, os comandantes invasores lhe fizeram promessas de domínios e riquezas sem igual, e de aventura! Ele estava cansado de se contentar com as perdas de mercadores balofos e idiotas e ter ovelhas como companhia íntima.

Egon estava sentado em seus pelegos, quando a Bruxa entrou em sua tenda, muito mais vegana straight edge e preocupada com privilégios de cissexistas vagabundos do que nunca! De sobressalto ele sacou a espada e apontou para a intrusa, com os olhos doentiamente arregalados e rogando pragas em cima dela, dizendo que ela era uma velha biscate e que esse ano a seleção ia ganhar o hexa. Ele tentou colocar correndo sua camiseta do Cannibal Corpse, mas ela disse que isso seria absolutamente desnecessário, e assim ele se resignou a usar uma humilde cinta e mais nada.
Heroicamente ele inflou o peito e a avisou para ir embora dali o quanto antes e voltar à sua odiosa e negra morada, pois ele era um seguidor da Deusa, e iria acabar com ela, transformá - la em pão com banha!
A Bruxa bufou de frustração. Não acreditava que ele fôra tão ridiculamente enganado por uma aparição boa apenas para mortais supersticiosos e que os ludibriava para acreditar que "a verdade não estava lá fora".
"Aqui está sua grande Deusa!" - E a Bruxa jogou a cabeça de Forlei sobre o colo de Egon, que deu um grito agudo ao ver aquele rosto deformado de tristeza e pesar, mas ficou feliz de saber que poderia se aposentar mais cedo por causa disso.
Ainda assim, não lhe era concebível que uma divindade pudesse ser morta! Então a Bruxa lhe disse que assim ele poderia ver a falibilidade das esperanças que os mortais colocavam sobre aqueles ídolos patéticos.
Agora aqueles insolentes invasores de regiões desconhecidas a Leste marchavam contra Homenzarra porque odiavam mortalmente o nome da Bruxa e contra ele promoveriam difamação e com ferro e fogo imporiam uma tirania até que as mentes fracas dos Homens se dessem por vencidas e lamentassem por terem algum dia acreditado em sua existência, como se fosse uma crendice infantil.
Egon tentou dar uma de comediante hiperativo e perguntou o quico. E o que ele tinha a ver com tudo aquilo? Verdade que nem a mãe dele achava ele engraçado, não dava nem pra professor de cursinho.

Mas antes de seu gracejo receber uma resposta à altura, entrou um jagunço do bando esbaforido dentro da tenda. Seu nome era Hecla, que incomodava as invejosas, falava alto, tossia e tinha diarreia no cinema, e que não entendia essas pessoas que diziam que "Motoqueiro Fantasma" era um filme ruim. Provavelmente elas descontavam suas frustrações sexuais esculhambando aquela 'obra prima'; ele iria encontrar cada um daqueles 'cabaços seiudos gigolôs da mesada dos pais' que nada entendiam de cinema e ia bater neles e entrar com um processo de difamação contra eles.
Ele fazia parte do grupo que ouvia as pregações de Egon sobre "fodar" e guerra sagrada. Ele apareceu bem ali diante da Bruxa e de Egon, que escondeu a cabeça decepada de Forlei afobadamente sob os pelegos, e perguntou se não estava interrompendo nada. Egon respondeu negativamente, e ele antes de mais nada agradeceu de haver ensinado uma doutrina tão rica sobre a fodança e o direito de matar inimigos desarmados, e então avisou que ele estava correndo grave perigo ali! Ele deveria deixar o acampamento o quanto antes, porque Jeyh Ksha Shun havia bebido umas garrafas de Boticário a mais e soltou a sua mais horripilante intenção de fazer com Egon a mesma coisa que ele queria fazer com sua mulher e três filhas!
Mas também disse que sua fuga seria ocultada por tapetes persas e que muitos do bando iriam se juntar a ele, pois ele tinha a Deusa a seu lado! Só que Hecla não seria um deles; ele teve falência pulmonar de correr cinco metros de uma tenda para outra e caiu morto. Mas tudo bem, papai vai e compra outro.

No olho da bruxa acendeu - se uma intensa chama de malícia e maldade. "Sabe o que isso quer dizer? Você fará seu caminho de novo! Para longe daqui..."
Egon começou a espernear contrariado, dizendo que não fugiria mais de ninguém! Que viesse Jeyh!
Ele não poderia viver assim, recomeçando do zero a cada momento que recebesse a visita agourenta daquela megera. Desde que a tinha visto novamente temeu que ela iria chutar e desfazer tudo o que ele havia construído até então, que nem da última vez. Ele jurou naquele mesmo instante, diante dela, que ele jamais a deixaria cagar sua vida novamente.
"Dessa vez não há mais nada para cagar, senão para recompor. Só queria dizer que seu filho está o procurando ansiosamente, vá ao encontro dele no Reino Limítrofe!"

Droggit... Ele jamais o abandonaria, jamais o esqueceria... Mas foi ele que esvaziou a casa! Saiu correndo covardemente como se nada tivesse a ver com aquilo! Ele precisava de umas boas palmadas!
Em verdade, ele estava bem ansioso para ver o filho de novo. Mas a morte de Elizzot havia estragado tudo; seria complicadíssimo recomeçar uma família, não havia mais quem o ajudasse naquele mundo tirano, nem mulher que pudesse tomar o lugar dela e cantar Cher com ele.

De qualquer forma, ele precisava começar de algum lugar, e assim iria rever o moleque, não importando o que acontecesse. Ele só precisava antes lidar com a situação de Jeyh Ksha Shun. Ele não poderia mais ser um fugitivo precário, ele jurou; além do mais, se o deixasse vivo, ele voltaria a fazer audiência com os detestáveis invasores dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui e arruinaria toda Homenzarra; todo o grão de trigo seria pisoteado, a Bruxa o disse, mas ele mandou tudo se catar porque ele odiava pão, fazia ele engordar. E ele ia atrás dele porque ele queria.

Ajuntando tudo o que ele tinha e levando a cabeça da Deusa envolvida nos pelegos, ele fugiu apressadamente num túnel do tempo de tapetes persas bem bonito, feitos por ricaços da 5ª série, e vários dos capangas de Jeyh Ksha Shun desertaram para o lado dele. E o grande líder ficou encolerizado quando não achou Egon em sua tenda! Os motins começaram logo em  seguida, e ele impalou os comandantes rebeldes para fazer deles um exemplo. No dia seguinte, iriam levantar o acampamento.

Logo começaram a varrer toda a cordilheira férrea do Nutristão em busca do dissidente Egon e seus seguidores. Eles passavam a fio de espada várias aldeiazinhas punitivamente, e não iria parar até ter a cabeça de Egon, enquanto seus jubilosos menestréis compuseram em sua homenagem a seguinte trova:

odeio o egon ele e um baxinho feio chato orrivel mentiroso e falso e nao presta... vai si fude egon.

Mas Egon estava a par dessas buscas.
Ele agora não estava desesperadamente lutando para sobreviver que nem antes, ele agora tinha vários jagunços a seu comando, e estava um passo a frente dos seus perseguidores.
Ele estava de tocaia em um vilarejo; tinha armado os pobres e indefesos, e apenas esperava que Jeyhze passasse por lá! Iria fazê - lo engolir todas as meias sujas do povoado, e lhe insultaria de forma meio racista.
E assim o bando de bandidos montanheses assaltantes de churros passou por lá, brandindo todas as armas! Mas Jeyh Ksha Shun notou que havia alguma coisa errada por ali...
As ruas estavam quase vazias, um silêncio perturbador enchia o ar de estática de forma que ninguém pudesse saber urgentemente o que aconteceu no Big Brother. Só podiam ver na rua famílias ajoelhadas em submissão ao invasor e garis nepaleses que ficavam os encarando de forma suspeita e sanguinária. Quanto a estes, nem importava  tal impertinência, os próximos teriam que varrer as cabeças deles quando tivessem terminado ali.

A concentração no olhar amedrontador de desprezo de Jeyh Ksha Shun sobre seu cavalo só foi rompida quando um dos garis gritou: "Agora!" e aquelas mesmas famílias que pareciam rendidas tomaram lanças e foices escondidas em panos, enquanto os garis sacaram espadas e granadas de seus latões. Todos se lançaram com fúria, sem medo da morte, sobre o bando de Jeyh, que mal podia acreditar no que estava vendo enquanto seus homens eram derrubados e mortos um por um por aqueles "camponeses covardes e ignorantes"!
Em seus dias distantes de chefe guerreiro, ele jamais cogitaria o que estava prestes a fazer, mas desesperadamente ordenou a retirada dali o quanto antes! Eles obedeceram cegamente, exceto aqueles que tinham as costas e as tripas cheias de lanças, punhas, facas... Mas eis que uns rostos familiars aparecem e começam a deixar mais corpos do chão! Ao ver todos aqueles amotinados, o rosto de Jeyh se contorceu de ódio quando viu o que parecia ser Egon, passando três dos seus em uma espada que nem um espetinho.
Todo o caos e tumulto à sua volta já não lhe importavam mais; Egon o avistou também, e enquanto retalhava buchos ao seu redor e rachava crânios, ele recuava para uma ruela, a Ruela dos Sonhos que tinha uma cupcakeria, mas tava fechada.
Jeyh Ksha Shun desceu do cavalo e foi beeem devagar atrás dele, enquanto lanças voavam meio que bem próximas dele. Quando o encontrasse, ele iria se deleitar pensando em sua mulher enquanto partia membros ao meio e cortava carne que nem lenha ao som de gritos de dor e de morte.
Os insultos que trocavam entre si fariam vovós corarem; chamavam um ao outro de "Bruno de Luca".
E Jeyh gritou para que ele ouvisse: "Nada de truques sujos! Aquele negócio de 'fodar o inimigo' pode funcionar com qualquer outro, mas não comigo!"
-"Foi o que sua irmã me disse ontem!" - E Jeyh se apressou um pouco, com sangue nos olhos.
Quando se encontraram, o clangor do aço das duas armas foi estrondoso, e foi uma luta carregada de ódio que só poderia terminar em morte! Jeyh Ksha Shun havia passado anos liderando pessoal na única atividade de matar e devastar, muito mais do que se poderia esperar alguém que treinou algumas horas no meio do nada por alguém ou algo que poderiam ter sido uma alucinação! Mas a Deusa era forte com aquele ali.
Exatamente naquele canto de ultraviolência absurda foi onde os dois trocaram golpes do cabo da lâmina no meio da fuça! Jorros de sangue se misturaram com as unhas roídas, mas Egon girou como uma odalisca e desarmou Jeyh Ksha Shun, e dispôs as armas em tesoura contra o pescoço.
Jeyh admitiu a derrota, e pediu que a primeira fizesse tchun, a segunda fizesse tchan e assim por diante. Mas Egon lhe ordenou que fechasse a latrina, e que se ele sofresse mais vivendo, que assim fosse. E Jeyh ficou tristinho.

A Bruxa se materializou diante deles e disse que ficou extasiada com aquela situação. Sabe - se lá por que; era uma velha senil. Como presente, ela lhes deu a Capa da Imbecilidade para garantir que iriam sair de lá em segurança. Mas Egon perguntou: "mas por quê?" - mas ela não disse, simplesmente sumiu, como sempre.

Foi uma gloriosa vitória e resistência heróica daquela aldeia! Os amotinados do bando de Jeyh Ksha Shun se embriagaram com sangue e sentiam como se pudessem dominar a Homenzarra inteira. E eles deviam essa vitória à Deusa, pois só ela tinha magnânimo
Mas se perguntavam onde estava seu destemido líder para celebrar com eles... Alguns ficaram um pouco angustiados, preocupados... Já estava quase escurecendo e não sabiam se ele tinha uma blusa.

Mas quando se viraram para trás, viram chocados Egon arrastando Jeyh Ksha Shun com os pulsos e tornozelos atados, e usando a cabeça da Deusa, com sua enorme trance arrojada, como um fio dental para partes inferiores. A Capa da Imbelicidade tinha falhado, como se podia esperar.

Um deles mais jovem revoltado gritou: "O imperador está nu! 'Intocáveis' é o filme francês mais péssimo que existe! Lixo!"

E apontando para Egon, o maior crente da doutrina que ele lhes ensinou gritou: -"Matem esse sacrílego filho da p..."

E a dupla de dois teve que fugir dos próprios homens, pronta para a batalha, em cima de um cavalo do deserto, com flechas e lanças chovendo em sua direção, e só pararam quando estavam em terreno plano novamente, no Deserto do Rei da Pérsia.

E agora, Egon rumava ao norte para encontrar seu filho. Decidiu levar Jeyh Ksha Shun como refém se voltasse a se encontrar com as legiões dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui. Talvez nem funcionasse, mas na hora lhe pareceu uma boa ideia ao se lembrar do tanto que ele e os altos oficiais da coalizão maligna conversaram. Durante todo o caminho ele continuou fiel à Deusa, oferecendo cursos de educação sexual para a 5ª série, com seu refém assistindo no fundão e fazendo algazarra. Ele só ficou decepcionado porque não tinha nenhuma mulher com quem ele pudesse demonstrar a prática.

Enquanto isso, Droggit estava em sua confortável casa em Mércia, profundamente descontente. Ele estava bebendo seu milkshake diabético alcoolizado, mas de pura amargura. Fazia um bom tempo que ele não fazia uso da magia herpética que aprendeu com seus avôs; ela nada pode fazer quando veio à tona a lembrança de um lar despedaçado. Foi com estranha facilidade que aqueles conhecimentos arcanos lhe fugiram da mente, e a Bruxa estava feliz de lhe fazer esquecer tudo...

Ele sequer dava mais bola para Diana, e estava de saco cheio da teoria furada do universo da Pixar do qual ela poderia ou não fazer parte. Ela, por sua vez, tinha medo de tudo e se afastava apavorada de Droggit. Era impressionante como a única coisa que parecia ser bem compreendida pelo que vinha da magia era o medo. Mas ele sentia ódio disso. Na verdade, sentia tanta ojeriza de coexistir com ela que decidiu que iria pôr termo àquilo.

Àquela altura, já até dormiam em quartos separados. No começo da madrugada, Droggit pegou uma pedra do rim grosseiramente grande, a maior que tinha, e foi até o quarto onde Diana dormia, e abriu a porta o mais silenciosamente que conseguiu. Ela dormia um pouco agitada, como se estivesse tendo pesadelos ou algo do gênero. Ao ver aquilo, ele suspirou e sentiu pena. Mas agora bastava derrubar a pedra para esmagar a cabeça dela e tirá - la de sua miséria. Simples.

Mesmo assim, ele não conseguia se decidir. Suor frio lhe escorria da nuca enquanto segurava a pedra que parecia mais pesada com cada segundo. E então Droggit despejou a pedra ao lado da cama, e ela se esfarelou toda.
O barulho nem foi tão grande, mas Diana acordou num pulo, e a primeira coisa que viu foi Droggit debruçado sobre a cama, se afogando em lágrimas amargas e dolorosas.
"O que que foi, mozão?" - Além do fato daquele apelido ter sido usado, Droggit estava triste e decepcionado com a vida porque 'não queria mais ela por perto', 'nem era para os dois estarem juntos', e que 'isso tudo que a gente conseguiu? Não mereci. Ninguém mereceu'. E ela perguntava 'como assim? Você vai me deixar sozinha?' - e o choro dele só piorou.´
Depois de soluçar quase que interminavelmente, ele tentou se explicar: ela, como todas aquelas coisas que adquiriram e acumularam, só fazia parte de uma imensa feitiçaria que ele conseguiu através da Bruxa. Mas sabe como? Abandonando a família, o próprio pai, em um momento ruim. Ele imaginou que nunca mais ia vê - lo novamente, não importando o quanto de magia soubesse usar.
Toda a bruxaria só serviu para confortá - lo em um ato de infinita torpeza, pior que o pior dos crimes... Ela era boa para destruir e degenerar; só agora ele havia se dado conta de como foi um tolo achando que ia realmente ganhar algo que valesse a pena com ela.
Contra tais argumentos ela não tinha nada, mas disse que a magia ainda poderia salvar alguma coisa. E faltava ele descobrir a situação da existência flamejante dele, ou se infantaria de esqui pode ser considerada infantaria, apesar de usar esqui e não andar a pé. Mas é claro que é esse o tipo de coisa que se vê em cada canto do Brasil.
E a clareza veio à mente do Droggit, agora que ele estava precisando. Então, com cara de donzela com a cara cheia de benzina, ele foi atrás de suas pedras do rim sem perspectivas profissionais e as espalhou no chão para fazer o jogo de divinação em busca de alguma orientação sobre o que fazer naquele momento de crise.
As pedras se desfizeram todas no chão, e o momento maior de eureca havia chegado: Ele deveria partir rumo ao Reino Limítrofe!Várias pendências precisavam ser resolvidas lá.
E acreditando em toda aquela palhaçada, os dois decidiram arrumar as tralhas deles para a viagem, e explodir a casa! A magia voltou a Droggit aos poucos, mas com uma enorme potência! A primeira coisa que ele fez com ela? Tomou a forma de moleque de 11 anos que tinha quando fugiu de casa, e a voz de um detetive alcoólatra e ignorante. Mas mesmo com uma magia quase onipotente, limitada apenas na medida do quanto a Bruxa lhe favorecia, nada poderia curar a babaquice dele, então ele rumou dançando junto a ela, até o Reino Limítrofe com intenções de oferecer Diana, sua própria esposa, a Egon como quem oferece uma boneca inflável a um amigo. E em vários sonhos ele viu um reino maravilhoso, além da cara fétida de um cachorro de madame.

Egon agora estava detido a poucos quilômetros dos lodaçais e caniços acolhedores de Ferras, com o odor adstringente da necromancia e de anúncios na internet e fogueiras acesas por todos os lados. Muita coisa havia mudado por ali, mas continuava uma porcaria.
A população agora vivia em medo e apreensão de um monstro que rondava os mangues próximos. Ele havia deixado a maioria dos habitantes loucos e de cabelo branco ao pegar todas as mulheres que serviriam de modelos e eram cretinamente elogiadas, e as enterrar vivas em valas coletivas. Um verdadeiro massacre de inocentes. Isso tudo enquanto em voz cavernosa, e com um sorriso estúpido, dizia: "os Homens são o gênero descartável".

A novidade maior no entanto era uma nova seita devota ao ódio, que tinha sacerdotes ornamentados com ossadas de frango na cabeça e eram todos lambuzados de cocô. Se ao fim do dia se frustravam porque suas vestes cerimoniais não tinham nenhuma mancha de fezes, chegavam em casa e davam um trato neles mesmos indo na privada cuja descarga eles "esqueceram" de dar.  E depois iriam se deleitar com as brigas do BBB. Um mal muito maligno estava surgindo;
Não tinham qualquer divindade, pois o que valia era a instituição, onde todos se reuniam para fingir que alguma coisa entrava em suas cabeças ocas senão um discurso de que os "relativistas" eram uns frouxos e não eram devotos de verdade;
Eram eles que estavam certos e que tinham toda a moral e bons costumes, se opondo ironicamente à "vagabundagem" imperante no lugar mesmo vendo mulheres nuas na net o dia inteiro e tendo fantasias úmidas de culpa, além de ruminar memes extremistas e falácias de montão, achando que 'estavam discutindo'. Achavam também que uma intervençãozinha militar era a solução pra tudo. Seus maiores medos eram a infestação da Bruxa e do comunismo em seus íntegros modos de vida e suas tardes livres demais.

O tesoureiro dessa seita era Hundã, o Elfo das Trevas, um schwarzbrot de Anaheimr. Ao contrário dos elfos "normais" que adoravam um sabonete com 'sensação luminosa' e abriram umas novecentas iogurterias por aí, Hundã era uma criatura torpe, sádica, raivosa e que se entregava ao uso liberal de necromancia e tortura. Era o filho da Bruxa com algum moleque zica em quem tentou dar o golpe da gravidez, apesar de Hundã ser um intolerante que organizava caça às bruxas e achava que a bruxaria era um "sacrilégio" e deveria ser extinta. Ainda assim a Bruxa o considerava seu filho favorito, vai entender; talvez por ele ser o que mais sentia prazer em mutilar e torturar as pessoas, além da esperança imortal de que ela achasse aquele guri sinistro com quem teve momentos incríveis naquela edição do Emoções da Rocinha pra cobrar uma baita duma pensão;

Hundã era o principal traficante de camafeu em Ferras há anos, e dono do submundo da cidade. Havia algum tempo que ele tentou extorquir uma família de 'gente de fora' e acabou que mataram Elizzot com peixe congelado. Mas isso ele conseguiu abafar. Mais recentemente, aqueles mesmos membros da polícia e o magistrado não cumpriram com seus caprichos, e eles mesmos tiveram um gosto do próprio remédio, assim que foram substituídos por gente mais competente e próxima a Hundã.

A partir de sua mansão do tráfico com um mosaico enorme do Justin Bieber na parede ele dava suas ordens diabólicas. Em meio a seus domínios, Egon e seu prisioneiro adentravam Ferras, observados por olhares malignos enquanto saltitavam para não cair nos rios de esgoto a céu aberto que corriam através das ruelas da favelona que rodeava Ferras que nem borda de catupiri.
A comunidade miserável da onde surgia os maus elementos que Egon costumava esculachar em seu programa denuncista como um "bando de vagabundos que não querem trabalhar" havia explodido em tamanho e número de habitantes. Ele conseguiu reconhecer onde ficava a sua antiga casa, que agora estava arruinada e cheia de mato, funcionando de boca de fumo para viciados em camafeu que estavam caídos inconscientes no chão quebrado do que antes costumava ser a sala de televisão.

Preparando - se para o pior, ele sacou a espada. Ao cruzar uma porta aberta, Egon gritou horrorizado: "mas que porra é essa?" - sabendo bem que tal porra se tratava de um encanador pornô bebendo um cafézinho, sem roupas, congelado, devido à sua negligência. Aí Egon se tocou que tinha deixado a geladeira aberta durante tanto tempo. Burro ele.
As coisas continuavam ainda um tanto perturbadoras por aquela casa, ainda com a aparição de um cachorro louco. Mas foi na frente do lavabo das visitas que efeitos especiais baratos aconteceram, indicando magia. Droggit se materializou na frente deles, com Diana segurando sua mão e pregando uma vida saudável. E o reencontro de família levou os dois às lágrimas mais calorosas, em um momento que pareceu suspenso no tempo...
E então Droggit olhou pro lado e viu Jeyh Ksha Shun acorrentado miseravelmente.
-"Pai, mas o que é isso? Você e ele, vocês dois estão... juntos... agora? Hm..."
Os dois responderam em coro: "- Não, não! Não é nada disso que você tá pensando!"
-"O que que foi? Não tem nada de errado nisso. O importante é ser feliz. Viva e deixe viver." - E ainda assim os dois negariam aquilo categoricamente até o túmulo.

Assim, Droggit ficou um pouco reticente em oferecer Diana como consorte para ele. Mas de qualquer forma, ele iria esnobá - la, pois já havia conseguido sua sorte na night por aí. Ele a encontrou no "Cloaca Você", um lugar desses que tem batalha de iPod...
O nome dela era Padaluc, cavaleira autônoma e errante que tirava uns acordes do Rock do Ronald. Ela era que nem os primeiros raios de sol da manhã. Ela só comia em galeterias e nelas dançava com cara de lontra em cima da mesa, com puro balanço e malandragem, e às vezes dava margem para acidentais escapulidas de seios, seguida de outra que parecia que ela estava encoxando uma lava - louça. Gostava apenas de semear a discórdia entre os povos, e era a guria mais escrota de todos. Pra se ter uma ideia de sua paunocuzice, ela ia até as casas dos elementos mais humildes da sociedade, que pagaram a duras penas 32 prestações pro resultado ficar uma porcaria, e as destruía, forçando - os a dormir no chão e fazer documentários do animal planet sobre camelos, quando eles não prestavam para filmar nada.
Ele a havia conquistado com sua imensa lábia, era um artista nisso, mas o diferencial com certeza absoluta foi aquele esmalte com o qual se produziu.

Prometeram estar juntos em tempos bons e na adversidade, e nas cenas de sexo Egon deixava Jeyh Ksha Shun amarrado numa cadeira em frente à cama pra ele ficar olhando. Egon realmente tinha umas taras bizarras...
Ele havia prometido para si mesmo que conseguiria alguém para ajudá - lo a criar Droggit, e assim foi. Por enquanto, estavam meio que acampados na antiga casa, se defendendo dos viciados agressivos e cuidando pra não acordar a Ruína de Durin, que foi um dos motivos pelos quais foram desaconselhados a se instalar por lá, outro era o fato do terreno estar desvalorizado.

Uma manhã ele saiu de lá para dar um pulo na padaria, e, quando se deu conta, a casa estava cercada por falanges de homens de armados, com enormes lanças e pavilhões de guerra. Seu olhar se comprimiu em raiva e seus dentes rangeram. Eram dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui. Ele os havia avistado a alguns dias de marcha de Ferras, e agora estavam no seu batente, jogando panfletos na soleira.

Ele voltou correndo pra casa, e voltou à vista deles segurando Jeyh Ksha Shun com sua espada encostada na garganta dele, e declarou impetuosamente: "Vocês vão ter ele ileso se pagarem o resgate e prometerem ir embora daqui o quanto antes! Quer dizer, se forem até a padaria, pegarem essas coisas dessa lista, voltarem com elas e finalmente sumirem daqui!"
- "Egon, ninguém vai pagar nada por ele. Todos sabem que ele foi deposto como líder daquele bando. Mas, boa tentativa, de qualquer forma..."
Egon se emputeceu e tacou a lâmina no chão, e Jeyh respirou aliviado.
"Não se preocupe. As aparências enganam, sabe? Não estamos aqui para matar ninguém. Só queremos... negociar com você."
-"Negociar?!"
Na verdade, eram parte dos amotinados e dissidentes da coalizão original dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui, iniciada aquela noite com o incidente que Egon causou. Eles o procuraram por causa do extraordinário feito realizada naquela ocasião, de 'fodar o inimigo'. Eles o admiravam alto e claro: "Impressionante como você fodou aquele cara com tanta força de vontade", "Meu, fiquei todo arrepiado vendo você fodando aquele cara". Mas Egon só havia feito aquilo para sobreviver, não era orgulho o que sentia quando era abordado assim. E ainda tinha o Droggit segurando o riso e perguntando quando ele ia se declarar, apenas para deixá - lo indignado, resmungando: "só pensa besteira, moleque! Vou cortar sua internet!".
O objetivo da facção rebelde era parecer como se estivessem "liberando" Ferras ao invés de chegar com ferro e fogo, contrariamente aos 'métodos sujos, bárbaros, e ineficazes' de alguns daqueles Reinos, que pelo amor de deus, terceiro mundo. Eles sabiam da inclinação religiosa talibanesca da cidade, e a abominavam sabendo que era tudo coisa da Bruxa! Egon tentou argumentar que não, na verdade eles eram contra a Bruxa, mas eles retrucaram que estavam mentindo, manipulando e distorcendo a verdade e que dava tudo na mesma.
Eles sabiam também que, por causa dos credos e mentiras amplamente socados goela abaixo do povo, praticamente todos os cidadãos de bem supernutridos acreditavam cinicamente que certas coisas entre pessoas do mesmo sexo eram uma doença que precisava ser extirpada da sociedade. Aquilo que Egon fez seria escandoloso aos seus olhos de galinha rancorosa, e se um representante da 'nova ordem' fosse pego no ato com Egon, toda a credibilidade da seita iria por "algo abaixo", como diziam alguns lá, e o povo visse os nobres invasores como seus salvadores em face da decadência moral que a cidade vinha experimentando.

Eles tinham o maior respeito por Egon e sua façanha, e gostariam que ele a repetisse agora para colaborar com eles, e assim ser "generosamente recompensado" quando aquela cidade ridícula virasse outra possessão colonial de Aracaju dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui, Ou de Alguns Deles.
Padaluc escutou aquela proposta com avidez, e achava que ele deveria aceitar para que ela conseguisse o camarote do "Cloaca Você", com a benção do Deus do Camarote.

Não que ele estivesse em posição de discordar, e então aceitou de má vontade. "Vamos aguardá - lo até que você volte com alguém fodado, Egon. Ave." - e se foram, dando um pouco de privacidade para Padaluc trocar de roupa num quarto com as paredes desmoronadas. Assim que o último deles sumiu de vista, Egon trouxe Jeyh Ksha Shun de volta para dentro, e o empurrou para o quarto dele de forma que ele caiu com a cara no pé da cama. Antes de sair para ir à padaria, ele o avisou furiosamente: "Fique aí até eu voltar e decidir o que fazer com você!"

Ao invés de comprar todos os componentes de um café da manhã nutritivo, ele decidiu dar uma volta pelo centro, tentar ver quem era quem nos jogos de poder da cidade, feito a velha fofoqueira sem televisão que costumava ser. Antes ele tinha uma rede de contatos que o permitia imaginar que conhecia a cidade inteira. Mas agora estava sem nada, além dessa história de "contatos" estar proibida naquele lugar, sob a alegação de ser "coisa da Bruxa. Ah, e de judeu".
Ele percebeu que teria que começar do zero mesmo quando viu seus antigos camaradas, o antigo magistrado e vários membros da polícia, enforcados a mando de influências malignas de Hundã, juntando moscas varejeiras na praça pública da velha surda que os fez querer morrer. Assim que os viu ele pensou: "Pronto. Morreu a justiça aqui".

Ele também foi fazer a rematrícula do colégio de Droggit, apesar dos protestos dele, que dizia que "não precisava ir à escola! Eu aprendi tudo com a magia! Já posso ser alguém na vida, vou ser quem eu quiser!" - E Egon apenas retrucava que se era isso que ele aprendeu com os avôs dele, era justamente por isso que ele ia levar sua bunda pro colégio. Ele passou a volta inteira pra casa pensando em dizer isso só para ver na cara do moleque a miséria interior, mas assim que ele chegou, Droggit parecia bem angustiado e preocupado porque "veio um cara estranho falar com aquele viciado jogado ali no quintal". Egon não podia admitir aquilo! Traficando camafeu em sua própria residência!
Ele foi se informar melhor pela "comunidade", conhecer os vizinhos e tudo mais, pra ver quem era o miserável que estava praticando tamanha vilania! Muitos conheciam o meliante por ele ter aparecido umas três vezes naquele programa lá, o Tribuna do Alerta Urgente! Todos forçavam a vista, achando que conheciam Egon de algum lugar, só não lembravam do fato dele estar um pouco mais forte e seminu. E como a memória deles era mais curta que a de um peixe, simplesmente esqueceram que um dia ele foi uma personalidade da cidade antes de ser um foragido.
Ele descreveu o marginal que vendia drogas em sua sagrada propriedade de cidadão de bem, e todos ficaram alertas, pois ele era o "problema" da comunidade, e era subordinado ao Elfo das Trevas, que, segundo rumores, comandava o tráfico de camafeu da cidade. Ele disse que iria acabar com essa injustiça sozinho, pois não poderia esperar apoio do governo! E todos celebraram, perguntando se ele ia acabar com a bandidagem para sempre. "Claro que não" - ele disse - "Se eu voltar a apresentar o programa, vou falar do quê?"

Assim se inteirou do bandido, ele violou gravemente os direitos humanos quando o pegou e o fez assistir o filme medíocre do "Miami Vice", em honra ao coração sanguinolento da Grande Deusa Forlei, que clamava vingança! Assim que ele literalmente morreu de tédio, ele cortou sua cabeça e atirou através dos muros da mansão do Elfo. Quanto ao chefe da seita que seria fodado, Egon pensou que ele também teria sua vez.
Ao recolher a cabeça, Hundã gritou horrorizado, e o seu ódio o fez destruir o teto caríssimo e de mau gosto com um afresco do One Direction de seu escritório. E a Bruxa lhe apareceu repentinamente, em sua forma mais horrenda, assumindo o aspecto macabro do que se esconde nas trevas...
Ela lhe disse que Egon havia assassinado seu subornidado. E que agora cabia a ele retribuir o favor, com toda a família dele!

Na madrugada seguinte, aquelas fogueiras da perdição da humanidade, que deixavam a noite mais clara que o dia, foram apagadas. A escuridão era absoluta, e talvez fosse por isso que Droggit não conseguisse dormir direito. Só conseguia ouvir a própria respiração tremida de angústia, deitado no colchão sujo ao chão, e mesmo com Diana dormindo junto, ele não conseguia relaxar e dormir. De repente ele podia ouvir dois grilos copulando num vão das paredes, e de repente eram cigarras, corujas, morcegos e gatos no maior bacanal possível.
Assim que ele se virou para o lado, ele viu a Bruxa, se inclinando junto a cama, passando sua mão raquítica sobre a cabeça do menino, tentando acalmá - lo. Quase gritou, mas por sortilégios sortidos sua voz não escapava diante da presença aterradora.
"Que tal recuperar hoje a mágica que você estava se devendo há tanto tempo, garoto?"
"Meu nome não é garoto, é Droggit, e já tenho a mágica que preciso..."
"Não seja prepotente, garoto... Ninguém detém tanta magia e sabedoria dentro de si... É sempre preciso mais! Mas com "mais" magia e sabedoria, é preciso mais sacrifício! Sacrifício dos outros! É triando a vida que se domina ela! Você pode escolher ter e fazer tudo o que quiser, do jeito que quiser, melhor que O Segredo! As amarras de agarras apenas os outros impõem!
Meu poder é odiado desde sempre, pois não acham que eu mereço ele... Que ninguém merece...
Você acha que aquele vagabundo do Egon me enganou alguma vez! Sei bem do propósito que os Teimas lhe confiaram de me derrotar e minar minha mágica hegemonia, mas você pode incorrer em meu favor e imenso poder acabando com essa conspiração patética! Romper essa falta de visão deles só lhe fará mais forte!
Agora me ajude a vir com uma frase de efeito pra te convencer!"
"Não! Nunca! Essa é a única vez que sei o que estou fazendo!"
"Vamos matar todo mundo aqui em casa e andar de caiaque!"
"Nunca!"
Nesse bate - boca, Diana acordou e gritou aterrorizada diante da Bruxa. Emputecida, a terrível Bruxa começou a soltar relâmpagos para todos os lados, gritando de ódio. Droggit pulava completamente nu e evitava o toque mortífero da feitiçaria, ao contrário de Diana, que não conseguiu fazer nada por pura idiotice e fritou até morrer. Agora ela parecia mais um alienígena contorcionista.
Ao ver sua amada do "Amor, estranho amor" morta, ele invocou o nome de Não, o mal interpretado deus da negação, em vão. E agora tinhas umas galinhas correndo assustadas por aí.
Egon acordou junto com Padaluc de todo esse escarcéu. "Deusa, se esse guri estiver no computador de novo a essas horas" - mas assim que Egon terminou de falar, o casal foi emboscado por piratas terrestres vindos da Cloaca Você, com hálito de cupcake e bigode hipster.
Egon tentava se soltar dos 'brutamontes' assim contratados que o agarravam pelos braços, enquanto um alucinado ficava pulando na cama de barriga em cima de Padaluc.
Por trás, uma presença diabólica surgiu da escuridão. Hundã sorria com seus dentes de navalha, enquanto encostava o punhal na jugular de Egon. Em meio a tudo isso, Droggit apareceu sem roupas gritando "Pai! Mãe!" - E os capangas ficaram tapando a vista, porque pedofilia era crime, até para eles que arrancavam dedos lentamente só para ver os nervos se partirem.
"Matem o moleque!" - Ordenou Hundã enquanto Droggit se pôs em fuga novamente. Ele fugia desesperadamente e só se deteve para colocar uma roupa básica. O caimento ficou uma porcaria, toda apertada. Um dos capangas hipsters das trevas, que não tinha respeito pelas regras do esporte ou pela mulher dos outros, ameaçou cinematicamente a perfurar Droggit, ao invés de matá - lo logo. Mas um enorme machado cortou todos os perseguidores de Droggit. "Agora é só eu e o moleque... Num plano onde não existe tempo e espaço... Eu irei persuadí - lo a reconhecer o Poder em sua verdadeira face, e que Dream Theater é super hiper mega superestimado! Iremos discutir isso civilizadamente com uma comidinha japa que eu pedi - um sashimi, um filadélfia..."
E Droggit interpelou: "Comida japa? Como assim comida japa? Achei que você fosse vegetariana!"
"Sim, e daí? Não estou comendo carne!"
"Claro que está! Peixes são animais, e logo, carne!"
"Não... mas... mas... é... ãh... pelas vitaminas, e não tem tanto sofrimento! Não é que nem 'carne carne'! E isso não me impede de - "
"Sem mais palavras! Com base em quê você está afirmando que tem mais vitaminas? Fez curso de nutrição por acaso? E como que eles não sofrem? Perguntou pra eles se eles não sofrem? E como você pode evitar o sofrimento por completo? Aliás, você, suposta filiada dessa ideologia, você acha certo matar animais para comê - los? Ou melhor, acha certo ficar decidindo quais ficam e quais vão que nem os "assassinos carniceiros" que você tanto odeia? Você não é melhor que nenhum del...
"CHEGA!"
Em todo seu ódio e confusão interiores, a Bruxa chamou outro filho seu para espalhar a morte e o terror. Era ele o monstro que predava a população de Ferras. Seu nome era Sutur, um gigante horrendo que exalava fogo e era movido pelo ódio a todas as coisas vivas, mas que adorava jardinagem. Dos pântanos ao redor de Ferras ele surgiu e foi até a casa de Egon, enquanto a Bruxa tentava destruir a vontade de Droggit, envolvendo - o em um Plano de caos e trevas. Ela já começava a acreditar que valia mais a pena destruir o menino.

Egon já havia se livrado de seus captores e os tirado da miséria, e foi ao encontro fatídico de Hundã! Ele tentou fender a cabeça do elfo trevoso ao meio, mas ele segurou sua espada e cometeu obscenidades com ela! Agora ela estava toda suja, e Egon não queria mais usá - la. Então Hundã rasgou o pijama gálico (que vem nas lojas sem calças, sem camisa e sem roupa de baixo), em uma briga para ficar gravada no inconsciente de fãs poser de anime, com as escamas de aço negro das braçadeiras de sua armadura o retalhando, e ele já quase implorava por misericórdia.
Nem a Deusa nem a luta singular já não poderia mais ajudá - lo, como nunca ajudou! Egon não manjava nada de luta, "ia perder no mma, certeza"! Mas também não iria conseguir fodar Hundã, porque tava com dor de cabeça.
Enquanto regurgitava sangue, o Elfo das Trevas lhe dizia: "Tarde demais, Egon, nada pode salvá - lo agora!" - além de avisá - lo que se ele achava aquilo ruim, que ele esperasse só para ver a Marcha do Capeta em defesa da Família, com Jeyh Ksha Shun liderando.
Enquanto isso, Padaluc quase desfalecia com órgãos vitais espremidos pelo marmanjão feliz pulando em cima dela, cada vez mais alto! Sua única esperança era alcançar o cabo de sua espada do lado da cama, que nunca pareceu tão distante até aquele momento! Enquanto ele pulava, ele piscava maliciosamente, distraído do fato de que ela agarrou a arma e num instante ela ergueu a lâmina para o alto enquanto o patife estava suspenso no ar! A vida dele passou como um raio por seus olhos enquanto ele caía apavorado até finalmente morrer atravessado que nem um leitão. E ela jogou seu corpo sujo para fora da cama, mais ou menos como costumava fazer com Egon!
Mas logo viu uma cena chocante: Hundã batia em Egon com uma galinha da angola chamada Crom Cruách, enquanto ele chorava de dor, gritando: pára! O berro que ela foi de arranhar a garganta, e àquela altura do campeonato os vizinhos estavam putos da cara! Não aguentavam mais, achavam que aquela casa parecia um hospício!

Isso fez Hundã se distrair momentaneamente naquela magnífica festa do pijama, só faltava lagosta! Egon estava ao chão, e viu o odioso Elfo das Trevas olhando de surpresa para o outro lado do quarto! Ele tinha uma fantasia freudiana com pessoas se distraindo do que estavam fazendo em festinhas de pijama, e ficou tão animado que seu corpo torturado ganhou novo fôlego e ele saltou como uma mola sobre o elfo e o usou como preservativo humano enquanto abatia o resto de seus inimigos na base da espada e do machado em um enorme bacanal. De sangue e carnificina, que fique bem claro.

E Padaluc ficou apenas posando toda alegre, feliz, quando uma enorme mão de um couro espesso de ratazana a agarrou e a levantou através do teto inexistente. Ela lutava para se liberar, tentando espetar os enormes dedos com a espada, que nem João e o Pé de Feijão, mas não conseguia nenhum resultado.
Egon viu o gigante Sutur indo embora com sua amada e ficou bruto, e quando alcançou seu pé, deu uma bela machadada nele.
Sutur gritou de dor e ódio, e se virou e começou destruir a patética casa de Egon na base do soco, começando pelo quarto onde Jeyh Ksha Shun ainda estava dormindo. Com pouco esforço, o gigante triturou aquela casa até ela parecer farinha de rosca, e foi embora ainda carregando Padaluc. Para ela, não foi problema nenhum ser espremida em um punho enorme que repetidamente golpeava uma construção de concreto, não. Era tudo realidade aumentada, inclusive os galos e os torcicolos.

Egon escapou por pouco quando correu pro mato, e deu perseguição a Sutur, mesmo perdendo ele umas três vezes... sabe como é, ele tinha 30 metros. Mas eventualmente a trilha daquele larápio o levou até seu covil subterrâneo, e lá ele começou a fazer barraco e guerra de louça com o monstro, mesmo que o couro dele fosse mais duro do que pedra, e não iria ceder.

Enquanto isso, Droggit estava com muito refluxo enquanto sua mente era distorcida naquele inferno de trevas que a Bruxa criou. Ele chorava amargamente: "uééééé uéééé nunca vou ser bom em psicologia!"
A voz da Bruxa reverberava: "o poder que você acha que é seu eu posso muito bem tirar!" - Ela estava mais emputecida agora do que em qualquer outro aeon que tenha vivido. Quanta audácia questionar seu vegetarianismo! Agora, só de raiva, ela pretendia acabar com todo aquele universo; Todos os planos de existência iriam simplesmente desaparecer, tudo acabaria em um nada absoluto.
Com raiva e esforço absurdo ela comprimia os Planos um contra o outro, causando destruição em massa e bagunça na caixa de brinquedos, enquanto a consciência de Droggit escapava. Mas a Bruxa começava a se esforçar demais, e sua confiança nos próprios poderes onipotentes era angustiadamente questionada.
E agora era Droggit quem falava: pelo medo nada se sustenta por muito tempo. E os Planos escaparam ao mando da bruxa. Seu único olho estava vidrado de horror ao que havia acabado de presenciar. Ela era onipotente, achava que acumulava poder em suas mãos, mas o poder no fim a deixou. Agora a cabeça de Droggit parecia uma colmeia, dizendo que agora cabia a ele ser o centro primordial de onde toda a magia surgia, que ele deveria sagrar - se rei de toda a humanidade, pois ninguém poderia enfrentar seu poder. Ele era o Sol personificado, que podia nascer e renascer mil vezes, em uma roupa bem colada e desconfortável.
O turbilhão de pensamentos o envolvia fisicamente naquela dimensão em que era torturado por empacotamento em um enorme e odioso redemoinho. A falta de chão enquanto suspenso no ar denso, pesado e fétido lhe torturava ainda que sentisse que girava cada vez mais lentamente. Ao olhar para baixo, ele viu a Bruxa caindo no Vazio, gritando estridentemente e tentando impotentemente se agarrar em alguma coisa.
Toda a bruxaria poderia ser dele agora! Mas ele recusou, tomando a pílula azul apenas para acordar incólume sobre as ruínas de sua antiga casa. A poeira dos tijolos esmigalhados estava empastada com as vísceras de inimigos caídos, e Jeyh Ksha Shun e o colchão onde ele dormia viraram um corpo só. Droggit com toda a urgência o levou para o postinho de saúde, tentando usar sua magia para manter acesa qualquer centelha de vida que houvesse nele.

E Egon estava quase exaurindo suas forças na batalha contra Sutur, que poderia matá - lo com um murro sem vontade, ou com um tiro na cabeça. Ele tinha Padaluc amarrada e amordaçada contra a parede, que via com enorme apreensão e ansiedade as sombras dos dois, até que elas sumiram de sua vista.
O confronto os levou ao jardim de trás, onde Sutur praticava seu hobby favorito. Egon correu até a horta de chás caseiros, e Sutur desesperadamente tentava impedí - lo! Mas, tarde demais: Egon gemia alto só para provocá - lo, enquanto se auto abusava em cima das plantinhas. E urinou em cima delas.
"Filho da puta!" - urrou Sutur enquanto pegava uma minúscula (em relação ao próprio tamanho) pá de jardinagem e deu com tudo na cara de Egon, fazendo dentes e sangue voarem para longe.
O equilíbrio de Egon falhou e ele caiu atordoado na grama, apesar de várias tentativas de se manter de pé. Sutur agora iria usar a pazinha para arrancar o coração dele, gritando: "isso é pelas minhas plantas!" - mas de Egon impedia o caminho dela com sua espada. Era um dos seus últimos esforços; qualquer outro teria morrido bem antes!
Sutur estava de pernas bem abertas, o que deu a Egon uma diabólica ideia. Ele se catapultou do chão a partir da própria bunda, e fatiou com a espada a imponente virilha de Sutur! O chão estremeceu enquanto o gigante guinchava de dor e amaldiçoava o nome de Egon para sempre. O fogo interior vazava pelo talho que o mutilou, que só piorava o sofrimento.
Egon então viu no material de jardinagem uma ferramenta de terraformação, um tal de dispositivo Genesis. Ele o pegou e foi ao encontro de Padaluc, a livrou das amarras e juntos saíram correndo, e expandiram a mente com música tolerante!
Assim que saíram do covil subterrâneo, Egon colocou a ferramenta de jardinagem roubada que consolidou sua reputação como babaca na frente da entrada e o pôs pra funcionar. A entrada foi quase que instantaneamente selada enquanto a terraformação terraformava as coisas. Só que eles não leram nenhuma instrução, que provavelmente diria para se afastarem do produto assim que o ligassem, e assim a terraformação os atingiu e eles morreram, e é por isso que estão vivos.
E uma população de gnomos pacíficos que faziam pilates e que também vivia no covil subterrâneo tentou em vão correr por suas vidas enquanto tudo entrava em colapso, cimentando ainda a reputação de Egon como bacaca e genocida.

Já era manhã, e os exércitos rebeldes dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui estavam avidamente esperando que Egon cumprisse sua promessa. Alguns sentiam vontade de se tocarem intimamente, de tão esperto que era o plano.
Os sentinelas fizeram o maior auê quando Egon chegou, todo ferrado junto a Padaluc. Ela estava achando aquilo estranho demais; ele não estava levando nada para provar que havia fodado um oficial religioso.
E assim também constataram os oficiais diante de Egon, que por sua vez afirmou que ele não tinha fodado ninguém. E que não ia fodar, não queria nem saber, depois de tudo o que passou. E sabe quem o ensinou a fodar? Egon sacou a cabeça de Forlei dos pelegos e a atirou desdenhosamente aos pés dos milicos. Convidou - os a ir para aquele lugar e lhes deu as costas, com Padaluc suplicando para que ele "reconsiderasse toda a situação".
Mas não. Ele já estava por aqui desses fracassados que só queriam atenção na trama. Ele também não teria nenhuma garantia que iriam recompensá - lo por todo o incômodo. Se envolver com eles era uma idiotice.
Mas Padaluc ficou cabreira e jurou vingança contra ele.

Egon e familia viram o quão estranha era a vida que tinham de recomeçar do zero. Além de estarem com a casa antiga completamente destruída, Egon quis distância daquela zona cheia de viciados e procurou uma existência mais bucólica. Se mudaram para uns poucos quilômetros dali, exatamente sobre o lugar onde Sutur foi vencido e aprisionado sob a terra, até porque já estava tudo "terraformado" com honrarias e boas notas e iam economizar um montão em paisagismo.
Mas Egon estava condenado a manter uma vigília perpétua, ouvindo Yanni, Modern Talking, George Michael e porcarias parecidas, pois sabia que Sutur estava vivo e queria muito se libertar. E ainda Hundã, de sua mansão do tráfico, tentava obcecadamente ligar para seu número e mandava mensagens todas melosas pra ele, enquanto ele suspirava e se perguntava: "por que ele não ligou no dia seguinte?"
E numa retaliação mesquinha contra a perda de oportunidade de se abastarem mais, Padaluc ficava fazendo piadas 'politicamente incorretas' para Egon ouvir, do tipo "Sabe o melô da guria com Parkinson? Tchutchuca treme o bumbum treme treme..." - apenas para ouvir a reprovação dele: "Meu deus, Páda, isso nem se diz! Coisa idiota... Nem engraçado foi!" - ou então quando ela dizia no ouvido dele aquele meme: "Foda é o Shaolin - imitava o Leonardo e agora imita o filho perfeitamente!" - E então era "Porra, Páda! Tem nada a ver isso de querer fazer gracinha em cima da desgraça com o cara! Imagina se fosse com o Droggit! Além do mais, ele era muito bom! Vi ele no Melhor do Brasil aquela vez lá..." - e em decorrência disso, a flatulência flamejante de Sutur subia pelas rachaduras da terra que pegavam direto nela, que se ferrava com queimaduras de 3º grau.

Em meio a toda essa mudança, Droggit voltou melancolicamente às aulas. Ele ia cada dia com uma lancheira diferente; ele tinha centenas em casa da sua própria fabricação. E mantinha ainda todo o talento mágico que adquiriu, mas recusou tomar o manto do poder da Bruxa. Ele sabia que aquela forma física de megera era de remorso e rancor; poder absoluto significava perder muito, mais do que qualquer um poderia tolerar.
Ele poderia desfrutar sua forma pequeno - burguesa de quarentão em um Plano 'diferenciado', mas ele decidiu ficar com a pureza da resposta das crianças e aproveitar o potencial mágico imenso que tinha e ficar eternamente maravilhado com tudo aquilo, ao ponto de que nem importava mais se era bulinado por estar indo pra 6ª série usando lancheira. E usava magia pra colar nas provas; liso o moleque...

E Egon finalmente decidiu o que ia fazer com Jeyh Ksha Shun: iria poupá - lo, afinal. Mas na condição de empregado doméstico sem nenhum direito. Ele e Droggit se tornariam grandes amigos, afinal, foi o guri que salvou sua vida. Agora era só esperar a alta hospitalar dali a um ano depois de ter seus ossos triturados pelo gigante.

O avanço dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui foi detido em Ferras pelos rumores locais de que "um gigante monstruoso rondava aquela região, devorando homens, mulheres, meninos e meninas, cujo avanço era implacável e só deixava morte e destruição em seu encalço". Nenhum dos soldados estava bem motivado com tal notícia. Mas o Alto Comando deles estava com profundo rancor de Egon por frustrar seu plano infalível; era o único Homem capacitado para a tarefa.
Mas enfim deram a Ferras a 'intervenção militar' que seus aldeões tanto queriam, na forma de uma incursão em que vários daqueles presunçosos e manipulados cidadãos de bem que iriam felar qualquer ditador não declaradamente bruxo ou comunista foram passados a fio de espada. Os sobreviventes foram obrigados a ficarem bem quietinhos depois.
Aquele mesmo Alto Comando encontrou em Egon um inimigo, um detestável opositor. Ele que esperasse só...
Por enquanto, não iriam marchar contra aquelas terras. Mas por meio de uns chunchos diplomáticos, o Reino Limítrofe foi anexado aos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui, a partir de várias trocas de identidade nacional, e assim Egon e sua família se tornaram não - oficialmente cidadãos comedores de arroz e feijão dos Reinos Que Jamais Serão Mencionados Aqui Novamente.

E a Bruxa sofreu o que pareceu ser sua última derrota... Mas não se pode matar a Bruxa, pois ela ainda era a magia em si. Podia nascer e renascer mil vezes. Sua última encarnação de megera foi condenada ao Vazio, mas a sua atual não seguiu os mesmos passos da outra; Ela deu um tempo na subversão; agora ela se empastava de maquiagem, havia posto silicone e dizia que adorava sertanejo universitário pelas letras.

Moral: Não deixe o samba morrer.