sábado, 5 de abril de 2014

Facebookhomem

Tudo começou há muito tempo, com Facebookhomem, super - herói do facebook, com poderes incríveis de frases motivacionais e gentilezas que mudam o mundo. Normalmente, ele adicionava todo mundo que ele conhecia, não era injusto com ninguém, afinal, a amizade com todos eles era seu maior tesouro. Lembrava do aniversário de todo mundo, até da tia da cantina da 5ª série, que ele adicionou uma foto com uma descrição de duas páginas homanegeando - a por todos os bolinhos de carne.
Marcava seus amigos em várias fotos e comentários junto com 45 pessoas para alegrar seus dias, e lembrava de tudo o que fazia cada um deles especial. Nenhuma opção de curtir passava em branco para nosso herói, que elogiava todas as fotos existentes e fazia comentários como "perfeito" em alguma charge sagaz pra cacete, tornando a rede social num lugar socado de gentileza e pessoas melhores.
Mas nem tudo era rosas; ele sempre compartilhava a dor de seus amigos quando algum problema com o país era denunciado, e ele imediatamente sentia vergonha de ser brasileiro. Isso nos intervalos de ficar curtindo os posts de "humor inteligente", que tinha todo seu conteúdo 'importado' de páginas que não eram de humor inteligente.
Como super - herói, poderia se esperar que ele fizesse coisas do tipo... sei lá, matar os monstros e os vilões e salvar a humanidade de catástrofes. Mas não, ele não fazia nada disso, caso contrário, ele não passaria o dia inteiro no facebook.
Ele só saía de casa, saltando de prédio em prédio, para entrar em um apartamento de vovó. Lá estava o grande amor da vida de Facebookhomem: Cara de Bichos de Estimação! Ele era metade homem, metade gatinhos e cachorrinhos. Ele tinha uma aparência um tanto grotesca, ao revés das expectativas dos cientistas loucos que o criaram, que sempre preferiram bicho do que gente.
Lá eles fizeram bastante amor, até caírem no sono um nos braços do outro.
Mas Facebookhomem acordou de sobressalto quando ouviu o barulho da porta do quarto se abrindo, e viu alguém se aproximando. Logo ele se deu conta de quem era: Garoto Orkut! Com maldade nos olhos e intenções vingativas!
Ele já foi o tímido ajudante do Facebookhomem na propagação de frases motivacionais, em perfis e comunidades! Mas apesar de ser 100% confiável e legal, ele mostrou ser um traiçoeiro de uma figa! Ele nunca superou o fato do facebook ser mais carismático e heroico, além do fato de estar perpetuamente traumatizado de não ter conseguido preencher 1 daqueles coraçõezinhos!!
Facebookhomem o confrontou: "Desista, Garoto Orkut! Não há mais nada entre nós! Você tentou me imitar, e falhou miseravelmente! Se liga!"
Garoto Orkut se retorcia em ódio ao ouvir aquilo: "Não! Isso não é verdade! Nããão!"
Ele nem se conteve quando pegou uma pequena caixa de couro rançosa, e a abriu revelando um conteúdo que fez gemer o Facebookhomem, assim que o envolveu e drenou sua incrível força vinda de curtidas!
"Não! Discussões bizantinas e falaciosas entre esquerda e direita! Minha única fraqueza! Tenho que... resistir! Arrarhghahga!"
Todo o esforço hercúleo de nosso herói se desfez em morte quando seu corpo foi desintegrado diante de uma arma tão mortífera. Cara de Bichos de Estimação agora temia por sua vida, mas logo também apertou a mão do destino quando Garoto Orkut o destruiu com uma arma chamada 'vergonha na cara'.
Depois dessa, Garoto Orkut ficou isolado por muito tempo, devido a problemas para acessá - lo e armadilhas de spam, esperando o momento que as pessoas precisassem dele novamente. Mas esse momento nunca veio, pois até o Google o traiu.

Epílogo: Ninguém tem certeza de como pronunciar certo o nome de Facebookhomem, isso por causa da letra 'kh', da mongólia, que tem som de hhhrrhrjhrjhjrhrhgrghgrh. E seria uma eterna lutinha entre pernósticos que afirmam categoricamente que é uma letra, acompanhados de travecos, e os pernósticos que dizem que "não é uma letra. São duas".

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Spi que me amava

Tudo começou há muito tempo, na calada de um início de madrugada à beira da estrada, em um motel que funcionava ao mesmo tempo como borracharia e tribunal de pequenas causas, que cobrava 5 vezes o preço normal das coisas para atrair mais hipsteres.
Dânia era a recepcionista de plantão, mas ela poderia ser quem você bem quiser, em fanfics de Carros e Frozen! Ela poderia até ter o nome e a aparência de algum amiguinho retardado que você tenha.
Ela passava dias e noites inteiros arduamente jogando paciência e vendo seu facebook, rindo das dificuldades de primeiro mundo ao som das músicas mais manjadas para moleques posers do rock clássico, enquanto havia um certo Spi lá, que brincava no quintal, revirando todas as lajotas possíveis para que ela tivesse que recolocar tudo no lugar depois. E de quebra ele pegou a vaquinha de estimação que tinha vindo do terreno ao lado e fez um churrascão com ela.

Spi parecia um lindo duende com olhos verdes, cabelos negros com franja de mauricinho e cara de boneca inflável; todas as mulheres queriam tê - lo.
Ele tentava cortar lenha naquele grande quintal com uma machadinha, em plena chuva, para a lareira do lugar, apesar de acabar destruindo as achas de madeira no processo, deixando - as mais parecidas com um palito de dente.
E ademais o motel não tinha lareira, mas isso ele só descobriu tarde demais, quando incendiou o corredor e três hóspedes morreram sufocados.
Foi nesse cenário que chegaram dois sujeitos no mínimo bizarros, Obranquela Sarraceno e "Horror" Poznanbrac, que se diziam "peritos enviados pela seguradora para avaliar o prejuízo". Mas Dânia não deu muita bola, ela estava olhando para sua sela maneiríssima e irada pendurada na parede enquanto deixava que seu pai se preocupasse com estar seguro, ou seja lá o que fosse. Ah, e ela era loira.

Em verdade, os dois eram uns vagabundos, dois cheiradores de éter dedicados ao banditismo, dois narradores do Winning Eleven '96 para Polystation que eram 'dos vilons com poder sombrio'.
No fim, só estavam ali para roubar todos os hóspedes que se encontrassem ali, fomentarem lá mesmo uma quadrilha de menores infratores, com sua própria versão do trio ternura, secarem todo o estoque de uísque de todos os quartos, e passar a mão na bunda da Dânia. Eles a ameaçavam fisicamente e a coagiam para levantar a saia e lhes dar dinheiro do caixa para que eles pudessem comprar a promoção da garrafa de champanhe que tavam oferecendo. Isso tudo com certeza deveria desencadear a busca pelos guardios!
Em relação aos guardios, alguém poderia perguntar: "que porra é essa?" - Em verdade, eles decepcionavam e deprimiam as crianças, fazendo - as implorar por Pixar.
Mas no fim nem precisou, porque Spi chegou na recepção e jogou através do balcão da recepção duas cabeças, com rombos de tiro de Mauser e desfiguradas com ácido, decepadas com a machadinha.
Dânia gritou quando elas caíram em seu colo, mas então Spi disse que eram as cabeças de Obranquela e "Horror"! Ele os tinha matado e profanado seus cadáveres porque ele a amava! Que lindo!
Mas então ela perguntou "Quem é você? Quem é você? Quem é quem é quem é quem é você?"

Spi disse que ele era Spi, como ela já deveria saber, apesar dela ter pensado todo esse tempo que seu nome era Jefferson. Mas para constar, ele era um super agente secreto, o maior de todos, a serviço de sua majestade e do SBIOI (Serviços Brasileiros Inteligentes e Ótimos de Inteligência). Super fodão, ele parecia um certo outro espião que todo mundo finge que adora.
Em regra Spi nunca contaria os detalhes de suas missões para uma inocente que nem ela, pois ele era um monstro sem coração. Mas ele a amava, e então ele disse que ele precisava encontrar o diretor de uma vasta organização terrorista, que ameaçava a humanidade com armas nucleares e intimidações a pessoas famosas. O destino do mundo inteiro estava em suas mãos, mas não era pra ela se preocupar.
E então os dois aproveitaram para irem como travestis passar a noite na suíte presidencial, que apesar do preço só oferecia nesquik como café da manhã, e que ao invés de espelho no teto tinha um retrato de uma pessoa muito zangada olhando pra você. E da noite para o dia, eles criaram uma fábrica de conservas e ficaram fazendo crianças adventistas. Muahahaha

Agora que Spi já tinha desperdiçado dinheiro público da verba do SBIOI o bastante naquele lugar, ele e Dânia foram embora na busca pelos terroristas! Ela decidiu simplesmente abandonar o motel do pai dela para que ele virasse um lugar sem preços e sem regras, e no fim virou uma colônia de hippies.

Spi tinha seu veículo da empresa, o Spi sobre Rodas, um rolimã motorizado de piá de prédio que podia virar um submarino e tinha uma pequena ogiva nuclear que explodia como alarme antirroubo. E era perfeitamente ecológico, pois usava flores e palavras bonitas como combustível. Mas ele não levou Dânia junto com ele, pois ele gostava de dirigir sozinho, sem gente dando palpite. Ele deixou que ela pegasse um ônibus, como prova de amor.

Spi se encontrou novamente com a Dânia que ele tanto amava e juntos foram até uma superestrutura de aço, a fortaleza pederasta escondida no Himalaia, nas terras do sem fim. Lá, o diabólico Básico 1 da organização comandava as operações terroristas, com uns looks básicos para qualquer ocasião, até casamentos! Nosso herói se deixou capturar, tendo Dânia o mesmo destino, para ser levado até o líder espectral e macabro com uma capa; um moleque de 10 anos, que se usassem um fungicida nele, seria seu fim. Era um babaca arrogante infestado de DSTs do qual ninguém gostava. Nem os pais dele gostavam dele, e foi por isso que ele se tornou não só um terrorista de 10 anos, mas um terrorista de 10 anos que anda pelado para acusar de pedofilia quem quer que fosse, para mandar todos para cadeia e dominar o mundo com bombas atômicas roubadas.

Agora Spi e Básico 1 estavam jantando juntos à luz de velas, e este convidava o espião para trabalhar para ele. Spi franzia a testa diante da proposta indecente, mas Básico 1 discorreu...
A única atividade que Spi fazia no SBIOI nos últimos meses era apertar botões para explodir coisas e torturar gente má, tudo do seu escritório que tinha um montão de monitores e doritos, e de vez em quando mulheres. Nem era espionagem de verdade, e agora ele era o único que se sujeitava àquilo! Houve demissões em massa no serviço por cortes de orçamento, e ele era o único oficial de inteligência que ainda ganhava para trabalhar para Mestre, o diretor. Ele e uma senhora lá que vendia tartelete de banana.
E logo logo teriam indianos fazendo o serviço dele por bem menos! Básico 1 informou que se ele quisesse garantir algum emprego nesse mundo miserável, ele tinha mais é que se juntar a ele.

A consciência de Spi pesava. A atmosfera o sufocava. Nada do que aquele guri imbecil e petulante disse era absurdo, nem algo que ele nunca parou para pensar. Ainda assim, ele havia jurado servir ao país, e ele precisava mais do que um emprego, ele precisava de um propósito, de dignidade, coisa que ele não teria servindo aquele pivete em seus objetivos torpes!

De qualquer forma, ele pensou: quer saber? Dane - se! Eu estou precisando trocar de Spi sobre Rodas. Ele aceitou para valer a oferta, e selou o acordo apertando a mão de Básico 1. Só que, por falta de consciência corporal, ele estava segurando a mauser na mão com que ia cumprimentá - lo, e um dedo escorregou no gatilho e acabou que Básico 1 levou um tiro na cara. Spi matou o guri, e agora teriam 'guardios' furiosos, corrompidos, correndo atrás deles com filmes medíocres de animação, que incluíam continuações infinitas, e abrindo fogo louca e indiscriminadamente!

Foi aí que Spi resgatou  Dânia, que estava irritada, amarrada e amordaçada em um ofurô de merda. Eles escapavam de tiros usados apenas para enfatizar a perseguição, pois o requisito básico de emprego para todo guardio era ser um atirador incompetente! Não conseguiriam atingí - los nem que estivessem a queima - roupa! Logo atrás deles estava Dramático 2, o sucessor vingativo de Básico 1 naquela hedionda empreitada terrorista.

Nas encostas das montanhas eles fugiram esquiando, com Spi usando um meião-especial-para-dar na cabeça, sob uma barragem de tiros sem vontade de acertar! Eles saíram voando entre as neves; Spi não usava camisa nenhuma, e Dânia estava com uma camisola muito transparente! E por isso os dois pegaram pneumonia e morreram.

Moral: Nenhum caminho é curto quando o caminho é longo.

terça-feira, 1 de abril de 2014