quarta-feira, 4 de junho de 2014

O Menino que Não Prostituiria seu Milho

Me deixe te contar uma história sobre milho, há muito, muito tempo. Havia uma palhoça repleta de barbeiros que pertencia a uma humilde família com 5 filhos que se dedicava unica e exclusivamente ao cultivo de milho. E passavam tempos difíceis, porque todo esse esforço dedicado à lavoura não os deixou necessariamente melhor agricolamente, pois a terra era cheia de garrafas quebradas e sais de fruta.
O pai deles havia morrido, e agora o sustento cabia ao mais velho da casa. Aquela morte tinha vindo do nada e havia lhe deixado completamente aturdido, perdido no mundo com muito mais bocas do que poderia sustentar. Fora que ele não entendia patavina de agricultura, pois havia desperdiçado tempo demais trancado no quarto vendo putaria na internet.
E lá fora estavam os pés de milho em toda sua miséria, infrutíferos, depois de terem visto as porcarias que a DreamWorks fez esses tempos, apesar dos esforços do menino, que mal davam o bastante para a subsistência familiar. Uns tiozões que imaginavam dragões na copa, e a propósito eram invisíveis, vinham pro guri e perguntavam se ele tinha cavalgado sobre um dos milhos. E ele dizia que por mais que ele tentasse, não conseguiria montar sobre um único grão.
Diante de tamanho insucesso, ele considerava uma medida realmente desesperada, que era de fazer seus milhos incorrerem na prostituição, de se tornar cafetão deles. Porque, sabe, existem pessoas licenciosas que adorariam realizar suas escusas atividades com millho. Não tem quem não goste de apreciar a natureza; ar puro, mata virgem, veja só que beleza.
Ele havia pensado nisso num dilema que o corroía por dentro... e no entanto, não. Por mais que às vezes o choro de fome de seus 4 irmãos menores fosse demais para ele suportar, ele decidiu não se  tornar um proxeneta de monoculturas, devido à sua forte crença de que os milhos têm direito à autodeterminação de seus próprios corpos. Imagine, seria duro para as espigas terem relações com gente que elas não conhecem, não gostam... Dureza.
E assim ele foi pro centro da cidade, na casa de seu vizinho, assim considerado depois de ele se manguaçar completamente, sendo um desconhecido. Ele viu que seu "vizinho" tinha um lindo milharal, e sabe então o que o menino fez? Ele foi lá e capinou tudo, tudinho.
O dono da fazenda estava voltando do puteiro quando viu a cena: o milho todo capinado, colhido, o terreno pronto para um novo semeio, as ferramentas todas no lugar! Ele ficou possesso! E ainda pegou o menino no flagra, que não se aguentava em pé depois de sua recente bebedeira para afogar as angústias existencias. O dono perguntou:

"O que você fez, seu miserável?!"
"Não precisa ficar assim comigo! Eu capinei sua fazenda!"
"Sim, mas a fazenda deve ser capinada do MEU jeito!"

E o menino balbuciava agora, oferecendo a terrível, repugnante, patética, e generosa bondade de bêbado, procurando se desculpar. No entanto, o fazendeiro apenas pegou uma enxada e deu com toda a força na fuça do menino.
E que o Diabo o perdoe, porque o menino não prostituiria seu milho.

Moral: Esteja proibido de comprar uma bebida super cara e afrescalhada para comprovar sua própria ignorância.

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