segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Esquadrão da Fúria - Justiceiros da Justiça

Tudo começou há muito tempo, em mais um dia para o Esquadrão da Fúria, uma liga qualquer de super - heróis que jurou combater o mal no mundo.
Seus integrantes eram Capetão Maleta, líder do grupo e satanista que batia nos vilões com uma maleta revestida de aço; Porcino, um mutante obeso meio humano, meio javali, que não tinha super - poderes de fato, a não ser duas pistolas, o que não era a mesma coisa e contava como cabacice enorme da parte dele; Cueca Térmica, que dominava o fogo e o gelo e tinha o poder de te emocionar. Fora eles, tinha mais um trio que não queria se considerar parte do esquadrão, e eram 'conveniados'; eram três falcões: Falcão Tornado, competente que levava os outros nas costas, Falcão Maravilha, narcisista que só ficava se masturbando, e Falcão Otário; juntos eles formavam uma tríade de deuses astecas que se manifestaram fisicamente para lutar contra o mal na terra, e assim vingarem - se das depredações e pilhagens cometidas contra seu povo.
Agora que tinha pelo menos um deus e um super-herói fuleiro sem nenhum superpoder que dependia de armas de fogo só faltava um milionário e uma mulher figurante que só está lá pra sex appeal.
Pela união dessas forças, surgiu o Esquadrão da Fúria, sempre empenhado na luta contra os malfeitores, contra os bandidos, isto é, contra os pobres vagabundos! Não querem trabalhar! Estava mais pra Esquadrão de Extermínio, que limpavam comunidades inteiras na base de incêndios pra no lugar delas construir um shopping bem bonito.
E um dia desses eles foram ver o Professor Onofre, um cientista membro da Ordem Cristã contra o Ateísmo, Comunismo, Espiritismo, Macumba, Wicca, e Bissexualidade, uma grande ordem secreta formada há muitos e muitos anos, no Orkut. E tinha o filho de 11 anos dele, o Jean, pequeno adorador do demônio.
Seu laboratório bélico tinha paredes de puteiro de luxo e ficava no subsolo de uma concessionária de carros, e lá ele desenvolvia tralhas para pescaria ilegal que ficavam expostas em tanques de vidro, e ele orgulhosamente exibia suas mais novas invenções: uma vara de pesca que dá choque e uma armadura para pesca. Ele e Falcão Tornado eram grandes amigos de pescaria, e enquanto eles estavam apertando a bunda um do outro eles combinavam de ir pescar lá na Vossoroca no final de semana, para o desgosto de Jean; o moleque odiava pescar, e odiava mais ainda a Vossoroca, porque lá só tem dois tipos de gente: pescadores baixa - renda e juízes da comarca da Vossoroca, o que é uma forma bonita de se referir a alguém que ganha bem para dar a bunda para caipiras.
O resto da esquadrão também não era lá muito fã de pesca, mas o Falcão Tornado forçava todos a irem, e eles não queriam emputecer a um deus.
Terminada a conversa fiada entre ele e o Professor, todos se despediram e foram embora, com o resto do esquadrão esperando não precisar voltar pra lá.
Enquanto eles estavam fora, uma presença maligna se aproximava... Às 7 da noite, quando a última funcionária da concessionária de cima estava saindo, algo monstruoso brotou da sombra e dilacerou sua garganta!
Era o terrível Lobo Guará, um lobisomem que se vestia com roupas de cafetão, ou de cafetina com a desculpa de que 'não tinha mais roupa limpa'. Há muito tempo ele planejava roubar os inventos de Onofre para proveito próprio, e ele adentrou o laboratório secreto no qual estava Onofre caprichosamente fazendo retoques, sempre 'últimos retoques', na sua vara de pesca eletrificada.
Ele ficou paralizado em horror quando viu o Lobo Guará lá dentro... Ele tentou se defender com a vara de pesca, mas o monstro se arremessou contra ele e afundou os dentes em seu pescoço, e o jogou contra a parede.
Jean foi ver que barulheira toda era aquela, e então viu o pai morto sobre uma poça do próprio sangue, e deu um berro desafinado! Mas por sorte, o Esquadrão da Fúria apareceu! Em especial porque o Falcão Tornado tinha esquecido a carteira dele lá.
Capetão Maleta partiu pra cima do lobisomem, erguendo sua maleta de guerra e gritando: "Avante, Esquadrão da Fúria", mas ele a segurou, torceu o braço do Capetão, agarrou a maleta e acertou em cheio o rosto dele com ela; foi sangue jorrando e dentes para todos os lados. E assim Capetão Maleta foi à lona.
Porcino sacou suas armas e disparou furiosamente contra aquele monstro, só para descobrir que as balas não causaram nem um arranhão. "Só balas de prata, amigão" - foi o detalhe que soltou Lobo Guará, antes de se afirmar realmente como amigão dele, convidando ele pra tomar uma cerveja no esquenta pra balada que ia ter dali a pouco. Ele já não estava muito a fim, daí o Lobo Guará ficou forçando: "Bebe! Bebe! Entorna!" - Porcino já tinha ficado traumatizado do ensino médio de achar que ele dependia de gente assim pra fazer amigos, daí ele gritou: "Pára!" e saiu correndo e chorando.
Parecia agora que somente a tríade de deuses poderia fazer frente àquele abominável vilão... E eles lutinharam durante horas, com velocidade superior à da luz, e então finalmente apareceu o Cueca Térmica, com seus jatos de gelo e fogo ao mesmo tempo. Lobo Guará ficou puto com ele, o agarrou e o arremessou num teletransporte inventado por Onofre para chegar direto na Vossoroca. Só que a composição química do Cueca Térmica não era bem compatível com o teletransporte, e ao chegar na Vossoroca, ele explodiu, mas foi uma interminável explosão em cadeia que atingiu quilômetros, sem nenhuma previsão para terminar, e que incendiou toda a floresta ao redor.
Foi quase como a morte de uma estrela ao ver de todos, tal foi a morte de Cueca Térmica. Bom, o resto do esquadrão nem gostava muito dele mesmo...
Era impossível dizer como aquele colossal embate iria terminar, mas Lobo Guará já tinha dado uma coça no Falcão Maravilha, que achava que só porque fazia academia ele conseguia bater nas pessoas, e agora eram apenas dois deuses contra o odioso vilão.
E uma voz desafinada da puberdade interrompeu por instantes o confronto: "pára tudo!" - apareceu Jean, com a armadura de pesca, empunhando a vara de pesca eletrificada do papai, pronto para enfrentar os terrores noturnos que o faziam urinar na cama!
Lobo Guará não conseguia acreditar em tal desafio patético, mas antes que ele pudesse avançar pra cima do guri, este atirou a linha contra ele, envolvendo - o completamente, e seguiu uma cruel descarga elétrica que fez o bicho gritar; o pior é que ele estava em cima de uma poça de água...
Ainda assim o choque não conseguiu acabar com ele, só o deteve por momentos, antes dele monstruosamente arrebentar a linha e uivar por sangue, com os olhos negros de ódio.
Mas Falcão Tornado interveio, dizendo: "Isto é por Onofre!" - enquanto socava furiosamente as bolas de Lobo Guará, que agora uivava por outro motivo, e finalmente o jogou através do teletransporte, e o destruiu com a maleta jogada do Capetão. 'Alguns inventos simplesmente não surgiram para serem inventados' - disse Falcão Otário com toda sua erudição de candidata pra Miss Minas.
E agora Lobo Guará estava correndo, correndo muito; mesmo assim ele não ia conseguir passar muito tempo em meio às explosões e o fogo...
E o bem triunfou sobre o mal naquele dia, mas Jean estava inconsolável pela morte de seu pai; ele tinha surgido de uma chocadeira, e seu pai era a única família que ele tinha!
O resto do Esquadrão da Fúria, agora recuperado da luta, observava tristemente aquela situação. Jean ainda tinha todas aquelas invenções do pai, e pra um pirralho de 11 anos dava para ver que ele era bem inteligente, e capaz... Eles agora se perguntavam se não poderiam dar uma de Ra's al Ghul e treiná - lo para ser um deles. Foi algo para se ponderar muito e densamente naquele momento.

Mas não. Eles simplesmente mandaram ele pra polícia, acusando - o de ter matado o pai por causa do videogame e ele foi internado na Fundação Casa. "Vocês vão pagar caro por isso, Esquadrão da Fúria! Esperem até eu ficar mais velho!". E assim foi que o Esquadrão Fúria teve mais uma vitória moral no currículo.

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