terça-feira, 30 de setembro de 2014

domingo, 14 de setembro de 2014

Abinoã: Mijo e Dança

Tudo começou há muito, mas muito tempo, quando Abinoã tinha casa própria, montanhas de dinheiro, um monte de armas em casa, estava acima da lei e de quebra ajudava a polícia federal a capturar uns pedófilos por aí.
Tudo isso... no joguinho. Abinoã morava no porão da casa de sua mãe, sempre no computador comendo pringles e trajando a irônica camiseta de bazinga. Por causa do joguinho, ele volta e meia recebia perturbadoras ameaças de um sujeito um tanto bizarro, que diziam que Denise, a paixão platônica de Abinoã, seria sua, não importava o preço. Era o Arlequim, o baixista eternamente fantasiado de arlequim que procurava uma banda poser na qual poderia tocar; Arlequim se achava muito frio e calculista depois de entrar em comunidades do orkut que assim o descreviam, e tudo o que tinha era em uma temática de cartas de baralho. Mas toda essa sua pose não passava de revolta juvenil depois da morte de seu pai.
Ele não saía muito e era extremamente tímido com mulheres do sexo oposto, e portanto perguntou a seus amigos como ele deveria fazer para pegar mulher.
Eles então responderam que ele deveria passar a tarde inteira bebendo quinze litros de água, sem ir ao banheiro em qualquer hipótese; era para ele estar com a bexiga bem cheia quando ele chegasse junto da mina que ele queria, e quando fosse o momento certo, eles iriam até um canto mais reservado e ele iria mijar nela.
Ele agradeceu de coração essa preciosa dica, e logo a pôs em prática. Ele virou um copo d'água atrás do outro; lá pelas quatro da tarde, parecia que seu bucho ia estourar. Ele já se esforçava em se segurar pelas sete, quando estava passando maquiagem e tirando selfies.
A fila para a entrada da balada parecia especialmente interminável enquanto nela Abinoã suava frio. Não obteve nenhum alívio quando finalmente adentrou o estabelecimento para suas luzes tontas e amontoamento de gente. Ele deveria se apressar em ter sucesso na conquista, pois não sabia até que ponto seria capaz de segurar!
Enquanto isso, todos dançavam freneticamente ao som de músicas nacionais dos anos 80, com instrumentalistas que morreram de tristeza e cantores que exaltavam suas próprias virtudes; eram muito autoconfiantes; em suas letras diziam que eram aqueles que andavam sem ser vistos, os números da sorte, convidados das águias, usuários da sorte, e por aí ia. Abinoã tentava se sentir seguro e confiante em si mesmo diante de tanta animação, enquanto ouvia uma totalidade de asmáticos que dançavam e chiavam.
Abinoã não era lá um bom dançarino, mas decidiu arriscar um passinho, mas por desesperada necessidade. Ele forçava cada vez mais a barra tentando se convencer de que era um dançarino aceitável; o ritmo da música ficava cada vez mais frenético! Abinoã suava, o esforço era muito grande! De repente, quando ele deu conta, era tarde demais: o fluxo começou a molhar suas roupas novas sociais, e agora não havia nada que Abinoã pudesse fazer para deter a torrente! "Maldição!" - pensou Abinoã - "devo me conter antes que acabe tudo!" - ele tentava, em vão, conter o jato de urina que agora fluía profusamente de sua bexiga dormente. Agora o melhor que poderia fazer era manter ele longe das pessoas para não ser arremessado pra fora do estabelecimento e nunca mais poder voltar. Para tanto, ele mirava para qualquer lugar que fosse, no copo com foguinho de artíficio, nas saídas de emergência, no equipamento de som causando falhas técnicas graves, e afins...
Ele continuava dançando para tentar disfarçar. Uma guria dessas aí começou a chegar mais juntinho dele, e quando Abinoã se virou para ver quem era, acabou encharcando-a de urina - "Ah! Meu vestido! Desgraçado!" e o atacou impiedosamente com a bolsa.
A alguns passos dali, estava Denise, dançando enquanto bombava a abertura de Furacão 2000 na caixa de som. Sem que ela se desse conta, Arlequim dançava perto, cortejando-a. Ainda sem receber atenção, Arlequim sacou uma uzi e começou a disparar para o alto, dizendo: "agora você é minha, vadia!" - Ela saiu correndo em pânico junto aos outros, um estouro da manada, rumo à saída de emergência. Mas todos escorregaram na urina que misteriosamente empoçava o chão e se amontoaram contra a porta. Mas Denise corria por sua vida alheia a tudo ao redor, e quando se aproximava da saída livre mais próxima, houve uma explosão de C4 e ela foi arremessada para longe.
Enquanto isso, Arlequim disparava a uzi para todos os lados rindo diabolicamente. Abinoã estava muito furioso; aquele anormal tinha ido longe demais, e precisava tomar uma providência, mas Arlequim estava armado e perigoso! Abinoã nem mesmo conseguia conter a própria urina.
Mas no fim, Arlequim, acabou escorregando numa poça de mijo, acidentalmente atirou na própria cabeça e morrendo no processo.
Agora que a ameaçava daquele descompensado chegou ao fim, Abinoã foi resgatar Denise, e a tomou heroicamente nos braços. Ela estava muito ferida, precisavam chegar num hospital o quanto antes, e o lugar estava cercado pela polícia, que diante do alvoroço não sabia exatamente do que se tratava toda a situação. Os homens da lei com seus enormes capacetes não estavam dispostos a facilitar as coisas para Abinoã, que saiu do estabelecimento atônito e o trilhando o chão de urina só para se ver sob a mira de armas. Eles faziam mil exigências, e Abinoã só precisava sair dali, pois Denise estava morrendo! Ele se desvencilhou bruscamente dos policiais retardados e foi até seu carro rebaixado com aerofólio, neon, e uma parede de aparelhos de som, veículo o qual Abinoã jurava que não era pra compensar alguma coisa.
Ele então irrompeu pelas ruas na direção do carro, perseguido por várias viaturas, e ainda incapaz de parar de mijar, encharcando o carro. Ele mandava os policiais se ferrarem ao gritar o mais alto que podia. As viaturas por vezes batiam, e explodiam espontaneamente, causando caos e destruição.
Após uma longa perseguição, Abinoã estava na periferia da cidade, e olhou para ver como estava Denise, que se pendurava desesperadamente à vida. Tinha um hospital ali perto, mas do lado tinha um bailão no qual Abinoã ainda poderia se dar bem. Denise tinha esperado até agora, então podia esperar mais um pouquinho. Mas, quando Abinoã se deu conta, o fluxo de urina foi bruscamente reduzido, gotejando até parar. E a última gota foi justo na cueca, por mais que Abinoã tivesse balançado antes. Talvez ele devesse esperar final de semana para se valer dessa estratégia de galanteio.

Moral: Sempre cuide do excesso de peso da sua mochila.